Putin tem 68 anos e foi vacinado em março com o fármaco russo Sputnik VAFP
"As unidades dos distritos militares Sul e Oeste, que já concluíram suas tarefas, começaram a carregar equipamentos para o transporte ferroviário e rodoviário e começarão hoje o retorno para seus quartéis", afirmou o porta-voz do ministério da Defesa, Igor Konashenkov, citado por agências de notícias russas.
O Kremlin confirmou o início da retirada das tropas estacionadas na fronteira com a Ucrânia, ressaltando que é algo "normal" e denunciando, mais uma vez, a "histeria" ocidental diante de uma suposta invasão do país vizinho.
"Sempre dissemos que depois das manobras (...) as tropas voltarão para seus quartéis de origem. E é isso que está acontecendo agora. É o procedimento habitual", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
O anúncio, o primeiro sinal de distensão por parte de Moscou, foi vago e não é possível saber o número de soldados que afeta. A Rússia mobilizou mais de 100.000 militares na fronteira com a Ucrânia desde dezembro.
Ao mesmo tempo, a Rússia mantém as manobras militares em Belarus, país vizinho da Ucrânia, que devem prosseguir até 20 de fevereiro. A retirada de algumas tropas foi recebida com entusiasmo na Ucrânia, onde o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, afirmou que seu país, ao lado dos aliados ocidentais, "conseguiu impedir uma nova escalada russa".
Já estamos em meados de fevereiro e vemos que a diplomacia continua funcionando", disse Kuleba. Mas o ministro destacou que a tensão permanece ao longo da fronteira e que a Rússia deve retirar as tropas restantes. "Temos uma regra: não acredite no que você ouve, acredite no que você vê. Quando observarmos uma retirada, vamos acreditar na desescalada", disse.
O anúncio russo coincide com a visita a Moscou do chanceler alemão Olaf Scholz, que tenta avançar com as negociações diplomáticas e afastar o fantasma de uma invasão e uma guerra no leste da Europa. A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, pediu à Rússia que retire suas tropas da fronteira. "A situação é particularmente perigosa e pode ficar mais grave a qualquer momento", alertou em um comunicado
"Dia de unidade"
Em Washington, as autoridades alertaram que a invasão russa poderia acontecer "a qualquer momento".
A embaixada americana em Kiev foi transferida para Lviv, oeste do país, na segunda-feira, ignorando os apelos do presidente ucraniano Volodymyr Zelenski, que pediu aos governos que não se deixem levar pelo pânico.
Alguns meios de comunicação indicaram que a suposta invasão russa da Ucrânia poderia começar na quarta-feira. Mais uma vez, Zelensky abordou as especulações com uma dose de sarcasmo. "Nos disseram que 16 de fevereiro seria o dia do ataque. Vamos transformá-lo em um dia de unidade", disse, antes de pedir aos ucranianos que exibam a bandeira nacional na data.
A ministra britânica das Relações Exteriores, Liz Truss, disse nesta terça-feira que o presidente russo, Vladimir Putin, ainda tem tempo para evitar uma guerra, mas enfatizou que o prazo é "limitado".
"Podemos estar à beira de uma guerra na Europa que teria graves consequências, não apenas para as populações da Rússia e da Ucrânia, mas de uma forma mais geral para a segurança da Europa", declarou a chefe diplomacia britânica ao canal Sky News.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.