Rússia reconhece independência de regiões de Donetsk e Luhansk, na UcrâniaAFP

Rússia - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, informou nesta segunda-feira, 21, em longo pronunciamento transmitido ao vivo, que tomou a decisão de reconhecer as regiões de Donetsk e Luhansk como independentes da Ucrânia. Histórica, a ação de Moscou faz parte da escalada das tensões entre os dois países por conta da tentativa ucraniana de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Putin disse que a situação na região de Donbass, onde ficam localizadas as duas cidades que tiveram sua independência reconhecido por Moscou, está ficando "novamente crítica", e acusou Kiev de bombardear civis locais em retaliação à demanda de grupos separatistas.

Ainda de acordo com ele, há evidências de que Kiev planeja construir armas nucleares com a ajuda dos Estados Unidos e da Otan, algo que "mudaria drasticamente a situação".

Para o mandatário russo, a Ucrânia "não tem tradição" de ser um Estado soberano e hoje atua não apenas como um "protetorado" sob defesa de potenciais ocidentais, mas "como uma colônia com um governo fantoche".

Segundo Putin, Kiev é controlada por forças exteriores que não se limitam ao Ocidente e cuja influência atinge todas as instâncias do governo ucraniano.

"A Ucrânia não conseguiu alcançar um Estado estável, e por isso teve que se apoiar em nações estrangeiras, como os EUA", avaliou Putin, após afirmar que a Ucrânia moderna foi "inteiramente criada" pela Rússia soviética.
Lista feita pela Rússia listava ucranianos que deveriam ser assassinados
Nesta segunda-feira, o governo do Estados Unidos afirmou que a Rússia preparou uma lista de ucranianos que devem ser assassinados ou capturados em caso de uma invasão da Ucrânia. A afirmação aconteceu após o envio de uma carta para a Organização das Nações Unidas (ONU).

A carta destaca que Washington está "profundamente preocupado" e alerta para uma potencial "catástrofe de direitos humanos".

O governo dos Estados Unidos tem "informação confiável que indica que as forças russas estão elaborando listas de ucranianos que devem ser assassinados ou enviados para acampamentos após uma ocupação militar", afirma a carta.

"Também temos informação confiável de que as forças russas usariam medidas letais para dispersar protestos pacíficos ou de alguma forma contra-atacar o exercício pacífico da resistência de populações civis", acrescenta a mensagem enviada à Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, a chilena Michelle Bachelet.

A nota, assinada pela embaixadora americana na ONU em Genebra, Bathsheba Nell Crocker, adverte que uma invasão russa da Ucrânia provocaria abusos como sequestros ou tortura, e poderia atingir dissidentes políticos e religiosos e minorias étnicas.

Em um e-mail enviado nesta segunda-feira à AFP, o escritório de direitos humanos da ONU confirmou que recebeu uma carta nesta manhã da Missão Permanente dos Estados Unidos em Genebra. "Estamos avaliando" a carta, escreveu a porta-voz Elizabeth Throssell.

A Rússia enviou mais de 150 mil soldados para a fronteira com a Ucrânia nas últimas semanas. Moscou nega planos de atacar o país vizinho, mas pretende obter garantias de que a Ucrânia não vai aderir à Otan e que Organização do Tratado do Atlântico Norte removerá suas forças do leste da Europa, propostas rejeitadas pelo países ocidentais.