Estudantes estrangeiros que tentam fugir da Ucrânia reclamam de racismo e segregação
Segundo denúncias, os funcionários da fronteira tem orientado os estrangeiros a ficar de fora dos ônibus que estão sendo usados para tirar os cidadãos do país
Estrangeiros africanos relatam racismo e discriminação para deixar a Ucrânia - AFP
Estrangeiros africanos relatam racismo e discriminação para deixar a UcrâniaAFP
Devido a invasão russa à Ucrânia, estudantes estrangeiros tentam deixar o país, mas afirmam que estão sofrendo racismo por parte das forças de segurança ucranianas e funcionários da fronteira. As informações são da CNN.
Segundo uma estudante de medicina africana, ela e outros estrangeiros foram obrigados a descer do ônibus de transporte público em um posto de controle entre a fronteira da Ucrânia e da Polônia, e foram orientados a ficar de lado enquanto o ônibus partia com apenas cidadãos ucranianos a bordo.
Rachel Onyegbule, outra estudante nigeriana, que cursa medicina em Lviv, também ficou presa na fronteira, afirmou à CNN que “chegaram mais de 10 ônibus e estávamos vendo todo mundo sair. Pensamos que depois que eles levassem todos os ucranianos eles nos levariam, mas eles nos disseram que tínhamos que caminhar, que não havia mais ônibus e nos disseram para caminhar”.
“Meu corpo estava dormente de frio e não dormimos há cerca de 4 dias. Os ucranianos foram priorizados sobre os africanos – homens e mulheres – em todos os pontos. Não há necessidade de perguntarmos por quê. Sabemos por quê. Eu só quero chegar em casa”, completou Onyegbule.
Repúdio do governo nigeriano
Na última segunda-feira, 28, o governo nigeriano condenou o racismo sofrido por milhares de seus cidadãos que tentam deixar o território ucraniano.
O cenário de guerra fez ucranianos, brasileiros e cidadãos de outras nacionalidades buscarem uma saída do país , uma delas pela Polônia. Mas, para africanos, a entrada no país vizinho tem sido barrada.
Diante do problema, o presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, se pronunciou.
"Todos que fogem de uma situação de conflito têm o mesmo direito a uma passagem segura nos termos da convenção da ONU e a cor de seu passaporte ou de sua pele não deve fazer diferença", declarou o governante ao apontar o racismo.
Buhari citou "relatos infelizes" de que policiais e seguranças impediram o embarque de nigerianos em trens e ônibus que saiam do país sob ataque. Um vídeo publicado pelo perfil Africa Facts Zone, no Twitter, mostra a situação. No domingo, 27, a página divulgou que africanos eram mandados de volta para o fim da fila para dar prioridade aos ucranianos nos trens.
De acordo com Buhari, um grupo de estudantes chegou à conclusão que precisava viajar novamente pela Ucrânia até chegar à fronteira do país com a Hungria e tentar fazer a viagem por lá.
Com isso, o ministro das Relações Exteriores da Nigéria, Goeffrey Onyeama, vai discutir o assunto com o embaixador ucraniano.
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