Volodymyr StrukReprodução

Ucrânia - O prefeito de Kreminna, Volodymyr Struk, na região separatista de Luhansk, foi encontrado morto nesta quarta-feira, 2, depois de supostamente ter sido sequestrado. A informação foi confirmada pelo assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, Anton Gerashchenko, em uma rede social. 
Gerashchenko informou que Struk foi assassinado e afirmou que Struk "assumiu ativamente uma posição russa na última semana" e ele era um "apoiador ativo da República Popular de Luhansk pró-russa (LPR)". Na publicação, ele disse que agora há "um canalha a menos da Ucrânia".
Na publicação, o assessor do Ministério destacou que o prefeito "foi julgado pelo tribunal do povo" e que a Ucrânia não conseguiu "se livrar" de Struk nos últimos oito anos, a partir do momento em que os separatistas conseguiram maior controle de Luhansk.
A esposa de Struk disse ao Daily Mail que o prefeito recebeu um tiro no coração depois de "ter sido levado de sua casa". 
Gerashchenko afirmou que no terça-feira foi contatado pela esposa de Struk e informou que ele havia sido sequestrado por indivíduos desconhecidos em uniforme de camuflagem. A causa da morte teria sido um ferimento de bala no coração.
A região de Luhansk é uma das áreas pró-Rússia na Ucrânia. No dia 21 do mês passado, o presidente da Rússia Vladimir Putin reconheceu a independência de duas regiões separatistas no leste da Ucrânia, Donetsk e Lugansk, poucos dias antes do início do conflito armado entre os países vizinhos.
Conflito 
Nesta quinta, Putin afirmou que a invasão da Ucrânia avança "como planejado", no oitavo dia de operações - marcado por um bombardeio que deixou 33 mortos e um acordo para a abertura de um "corredor humanitário" para evacuar civis.

Após a queda de Kherson (sul), a primeira grande cidade tomada pelos russos, Putin não demonstrou vontade de atender ao clamor global pelo fim da guerra, nem se mostrou afetado pelo arsenal de sanções ocidentais.

"A operação militar especial está ocorrendo dentro do cronograma, conforme planejado", disse o presidente na abertura de uma reunião do Conselho russo de Segurança, acrescentando que suas tropas estão lutando contra "neonazistas" e que "russos e ucranianos são um só povo".

Em uma conversa anterior com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, Putin prometeu continuar sua ofensiva "sem concessões". Após esse diálogo, Macron concluiu que "o pior ainda está por vir" no conflito na Ucrânia, informou a Presidência francesa.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu maior apoio das potências ocidentais, alertando que, se seu país for derrotado, a Rússia não hesitará em atacar os países bálticos e o resto da Europa.

Em particular, pediu aos países ocidentais que "fechem o céu" ucraniano para os aviões russos ou entreguem aviões para a Ucrânia. Até agora, os países ocidentais entregaram armas à Ucrânia, mas concentraram sua resposta em uma bateria de sanções para isolar a Rússia diplomática, econômica, cultural e esportivamente.

O chefe dos serviços de inteligência russos (SVR) acusou os países ocidentais de buscar "destruir" a Rússia e de tentar "estabelecer um bloqueio econômico, informativo e humanitário" ao país.

A Rússia exige que a Ucrânia renuncie sua entrada na Otan e que a Aliança Transatlântica de Defesa se retire de suas fronteiras. A intervenção na Ucrânia disparou alarmes em outras ex-repúblicas soviéticas, como a Moldávia, que na quinta-feira oficializou sua candidatura à União Europeia (UE).

Corredor humanitário
Ucrânia e Rússia concordaram em criar corredores humanitários para evacuar civis, sem conseguir definir um cessar-fogo, numa segunda ronda de conversações em Belarus.

"A segunda rodada de negociações acabou. Infelizmente, a Ucrânia ainda não tem os resultados de que precisa. Há apenas decisões sobre a organização de corredores humanitários", disse o assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podolyak, no Twitter.

"Discutimos em detalhe os aspectos humanitários, pois muitas cidades estão atualmente cercadas" pelas forças russas e há uma "situação dramática de alimentos, remédios e possibilidades de evacuação", acrescentou.

O chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, assinalou que as conversas se concentraram em temas humanitários, militares e na "futura solução política do conflito".

Um milhão de refugiados fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde o início da invasão e milhões de outros ficaram deslocados internamente, informou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi.

Bombardeio com 33 mortos
As tropas russas intensificaram nesta quinta-feira, após a captura de Kherson, seus bombardeios contra outros centros urbanos. Ao menos 33 pessoas morreram em um bombardeio contra áreas residenciais, inclusive escolas, de Chernigov (norte), informaram os serviços de emergência

Os serviços de emergência divulgaram também imagens da área, nas quais fumaça podia ser vista subindo dos apartamentos destruídos, com escombros espalhados por uma vasta zona e socorristas transportando corpos em macas. 
Zelensky disse que a Rússia vai pagar por essas tragédias. "Vamos reconstruir cada edifício, cada rua, cada cidade, e dizemos à Rússia: aprendam a palavra 'reparação'", declarou.

Autoridades militares ucranianas alegaram que áreas residenciais na cidade oriental de Kharkov foram "bombardeadas a noite toda". A acusação da Corte Penal Internacional (CPI) informou na quarta-feira a abertura de uma investigação sobre supostos crimes de guerra cometidos por tropas russas na Ucrânia.

*Com informações AFP