Bombardeios atingem centro de saúde na UcrâniaAFP

O bombardeio a um hospital pediátrico ucraniano localizado na cidade portuária de Mariupol, sitiada por tropas russas, causou indignação global nesta quarta-feira.
Dezessete adultos ficaram feridos no ataque, anunciou o funcionário regional Pavlo Kirilenko. "Há 17 feridos confirmados entre os funcionários do hospital", disse Kirilenko à TV ucraniana, acrescentando que, de acordo com os primeiros informes, "não há nenhuma criança" entre os feridos, tampouco mortos.
O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, declarou que nenhuma unidade de saúde "deve ser um alvo". A ONU e a Organização Mundial da Saúde exigem "o fim imediato dos ataques a instalações de saúde, hospitais, profissionais de saúde, ambulâncias", disse Dujarric durante sua coletiva de imprensa diária.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, denunciou o ataque como "imoral" e prometeu que o presidente russo, Vladimir Putin, será responsabilizado "por seus crimes terríveis".
"Poucas coisas são mais imorais do que atacar os vulneráveis e indefesos", tuitou Johnson. "O Reino Unido está buscando mais apoio para a Ucrânia se defender contra ataques aéreos", acrescentou.
A Casa Branca denunciou o uso "bárbaro" da força contra civis. "É atroz ver o uso bárbaro da força militar contra civis inocentes em um país soberano", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, em coletiva de imprensa.
Segundo a prefeitura de Mariupol, desde o início do cerco russo à cidade, há nove dias, mais de 1.200 civis morreram. "Nove dias, 1.207 civis mortos em Mariupol. Nove dias de genocídio da população civil", publicou o município em seu canal no Telegram.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, discutirá com autoridades polonesas nesta quinta-feira como fornecer "assistência militar" à Ucrânia, segundo um representante do governo americano.
Rotas do êxodo
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) contabilizou 2.155.271 refugiados que fugiram da guerra da Ucrânia, segundo dados divulgados hoje. São 143.959 refugiados a mais do que ontem.
Autoridades na zona de guerra e a ONU asseguram que esse fluxo irá aumentar. Várias tentativas de abrir corredores humanitários fracassaram desde o começo da guerra, mas um novo acordo foi alcançado na manha de hoje. Segundo a ONU, até 4 milhões de pessoas poderão abandonar o país por causa do conflito.
A porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, declarou que seu país vê progressos nas negociações com a Ucrânia.
Reunião de chanceleres na Turquia
Discussões estão marcadas para amanhã na localidade turca de Antália entre o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e seu par ucraniano, Dmitro Kuleba.
Os bombardeios, no entanto, continuam. Em Severodonetsk, 10 pessoas foram mortas nesses ataques, segundo uma autoridade regional. E nove morreram em Yitomir, a oeste de Kiev.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou hoje que "não tem grande impacto sobre a segurança" a desconexão elétrica na central ucraniana de Chernobyl, onde ocorreu em 1986 um dos maiores acidentes nucleares do planeta.
A operadora ucraniana Ukrenergo informou hoje que o fornecimento de energia para a usina de Chernobyl e seus equipamentos de segurança estava "totalmente" cortado, devido às ações militares russas. "Não há possibilidade de restabelecer as linhas", já que a ofensiva está em andamento, disse a operadora ucraniana.
A liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou hoje uma ajuda econômica emergencial de US$ 1,4 bilhão para Kiev. O Banco Mundial, por sua vez, já desembolsou cerca de US$ 500 milhões de um pacote de ajuda previsto de US$ 3 bilhões, conhecido como "Financiamento da Recuperação da Emergência Econômica na Ucrânia", ou "Libertem a Ucrânia".