Presidente dos Estados Unidos, Joe BidenAFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou nesta quarta-feira (16) o mandatário russo, Vladimir Putin, de "criminoso de guerra" pela violenta invasão da vizinha Ucrânia.
"Eu penso que ele é um criminoso de guerra", respondeu Biden a uma jornalista que o questionou na Casa Branca durante a saída de um evento dedicado à luta contra a violência doméstica.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que Biden estava "falando com o coração" depois de ver imagens na televisão de "ações bárbaras de um ditador brutal em sua invasão de um país estrangeiro".
Psaki detalhou que "um procedimento jurídico [estava] ainda em curso no Departamento de Estado" com respeito a uma qualificação legal de "crimes de guerra" cometidos pela Rússia na Ucrânia.
O Kremlin reagiu quase que instantaneamente, qualificando de "inaceitável e imperdoável" a declaração de Biden.
"Consideramos inaceitável e imperdoável semelhante retórica por parte de um chefe de Estado, cujas bombas mataram centenas de milhares de pessoas em todo o mundo", declarou o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, citado pelas agências TASS e Ria Novosti.
Até agora, nenhum funcionário americano tinha utilizado publicamente os termos "criminoso de guerra" ou "crimes de guerra", ao contrário de outros Estados e organizações internacionais.
O responsável pela política externa da União Europeia, Josep Borrell, por exemplo, classificou na semana passada de "atroz crime de guerra" o bombardeio russo de um complexo que abrigava uma maternidade e um hospital pediátrico em Mariupol, que deixou três mortos, entre eles uma criança, e 17 feridos.
"O que vimos do regime de Vladimir Putin com relação ao uso de munições lançadas sobre civis inocentes, isto já constitui, na minha opinião, um crime de guerra", assinalou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, no dia 2 de março.
Por outro lado, o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, que investiga denúncias de crimes de guerra na Ucrânia, visitou o país e falou por videoconferência com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, informou nesta quarta-feira a instituição.
Putin ordenou uma invasão em larga escala da Ucrânia há três semanas, dizendo que a Rússia quer forçar a desmilitarização do país vizinho e a derrubada do governo pró-ocidente.
As Forças Armadas da Ucrânia, que estão recebendo um enorme fluxo de armas dos países ocidentais, vêm resistindo e conseguindo frear, em grande medida, o avanço russo. Com isso, as tropas russas têm recorrido cada vez mais aos bombardeios sobre áreas civis.
Mais de três milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia desde o começo da invasão, segundo a agência de migração das Nações Unidas, a OIM.