Otan demonstra otimismo em relação ao ingresso rápido da Finlândia e Suécia Vesa Moilanen / Lehtikuva / AFP

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) afirmou neste domingo (15) que está convencida de que os obstáculos impostos pela Turquia à entrada da Finlândia e Suécia no grupo podem ser superados rapidamente. Durante uma coletiva de imprensa em Berlim,na Alemanha, o secretário-geral adjunto da Otan, Mircea Geoana, declarou que a aliança tem interesse em “encontrar todas as condições para um consenso" sobre a adesão dos países nórdicos.

Convocados pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, os representantes dos países membros da Otan se encontraram neste domingo em Berlim para debater as garantias de segurança à Suécia e à Finlândia. A reunião acontece depois que a Rússia reprovou os projetos de integração elaborados pelos países nórdicos e os ameaçou.

Para que Finlândia e Suécia sejam aceitas na aliança, todos os 30 membros devem votar a favor. No entanto, a Turquia não aceita a adesão dos Estados alegando que os dois "são redutos de várias organizações terroristas". Desde os anos 1970, os países recebem curdos, etnia que os turcos consideram inimigos. Além disso, a Suécia apoia o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como uma organização terrorista pela Turquia, União Europeia e Estados Unidos.

Diante da situação, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, afirmou que: "É absolutamente necessário haver garantias de segurança aqui. Eles precisam parar de apoiar organizações terroristas". Segundo ele, Suécia e Finlândia também devem encerrar as proibições de exportação de alguns de seus produtos do setor de defesa para a Turquia.

"Isso também não é populismo. Isso é claramente sobre o apoio de dois potenciais Estados-membros ao terrorismo, e nossas observações sólidas sobre isso são o que compartilhamos”, declarou o ministro.

Nesta segunda-feira (16), a Finlândia deve começar a examinar o projeto de adesão, que deve ser apoiado pela maioria do Congresso. Durante 75 anos, o país se manteve neutro em questões militares, mas depois da invasão russa à Ucrânia, a nação passou a apoiar a entrada no grupo, já que tem 1,3 mil quilômetros de fronteira com a Rússia.

Entre os demais membros da Otan, o ingresso dos países nórdicos é bem aceito. Uma das nações que apoiam a ideia é a Alemanha. "A Alemanha preparou tudo para que a formalização da ratificação seja rápida", disse a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Bareback.

"Suécia e Finlândia não são apenas nossos parceiros, não apenas nossos amigos, eles são membros da família europeia há muito tempo", afirmou a ministra, que completou: "É por isso que vocês têm todo o nosso apoio para todas as decisões que estão tomando atualmente para sua própria segurança".
Finlândia e Rússia

Mais cedo, o presidente da Finlândia, Sauli Niinisto, oficializou a candidatura do seu país ao grupo. Em breve, a Suécia, cuja população passou a apoiar a entrada na aliança após a guerra entre Rússia e Ucrânia, deve fazer o mesmo.

Antes de tomar sua decisão, o presidente finlandês conversou com o presidente russo Vladimir Putin. "A conversa foi direta e sem rodeios, aconteceu sem problemas. Evitar as tensões é considerado algo importante", contou Niinistö, que manteve contato frequente com o mandatário russo nos últimos anos. Em um comunicado, Putin afirmou que a entrada do país na Otan seria um “erro”, mas garantiu que o país não está em risco.

Neste sábado (14), a Rússia suspendeu as exportações de energia elétrica para a Finlândia alegando que o país não pagou suas dívidas.