Incêndio em tanque de petróleo em Cuba deixa quase 70 feridosYAMIL LAGE / AFP

Um incêndio em dois tanques de petróleo deixou 17 desaparecidos e 121 feridos em uma área industrial da cidade de Matanzas, oeste de Cuba. Segundo o novo balanço divulgado pela presidência da República, dos 121 feridos, cinco estão em estado crítico, outros três muito graves e 28 graves. Entre os feridos está o ministro de Energia e Minas, Liván Arronte.
A resposta chegou rápido: "Expressamos profunda gratidão aos governos do México, Venezuela, Rússia, Nicarágua, Argentina e Chile, que prontamente ofereceram ajuda material solidária diante desta complexa situação", disse o presidente Miguel Díaz-Canel no Twitter.
"Também agradecemos a oferta de consultoria técnica por parte dos Estados Unidos", acrescentou. O vice-chanceler Carlos Fernández de Cossío afirmou que a proposta americana "já está nas mãos de especialistas para a devida coordenação".

Díaz-Canel comentou que "a extinção do incêndio ainda pode demorar", enquanto o diretor de Comércio e Abastecimento da estatal Unión Cuba-Petróleo (Cupet), Asbel Leal, disse que o país nunca havia enfrentado um incêndio "da magnitude que temos hoje".
O fogo começou na tarde de sexta-feira depois que um raio atingiu um dos tanques do depósito localizado nos arredores de Matanzas, cerca de 90 quilômetros a leste de Havana, às 19h, horário local. Às 05h deste sábado, o fogo atingiu um segundo tonel.
Falha no para-raios

Segundo o jornal oficial Granma, o primeiro tanque “continha cerca de 26 mil metros cúbicos de petróleo bruto nacional, cerca de 50% da sua capacidade máxima, quando o raio atingiu a cúpula da instalação”. 
"Aparentemente houve uma falha no sistema de para-raios, que não suportou a energia da descarga elétrica", indicou o Granma. Danger Ricardo, um soldador de 37 anos que trabalha no local, não sabe explicar como o sistema falhou. Os dois tanques abastecem a termelétrica Antonio Guiteras, a maior de Cuba, mas o bombeamento para essa usina não parou, acrescentou Granma.

Dois helicópteros começaram a jogar água do mar para apagar o fogo na manhã de sábado, trabalho que foi interrompido à tarde pelo aumento das chamas. Ao final da tarde, com o fogo mais baixo, puderam retomar a ação em frente à baía de Matanzas, uma cidade de 140 mil habitantes.

O incêndio ocorre em meio a dificuldades enfrentadas desde maio na ilha para atender ao aumento da demanda por energia devido ao calor do verão. A obsolescência de suas oito usinas termelétricas, danos, manutenções programadas e falta de combustível dificultam a geração de energia.

Desde maio, as autoridades programam apagões de até 12 horas por dia em algumas regiões do país. Desde então, houve vinte protestos em cidades do interior da ilha.
'Saímos correndo'
"Sentimos o estrondo, como uma onda de ar que levava para trás", contou à AFP Laura Martínez, moradora da comunidade de La Ganadera, a cerca de dois quilômetros do local do incidente. As autoridades de Matanzas indicaram que o número de pessoas evacuadas subiu para 1,9 mil.

Quando ocorreu a primeira explosão, Yuney Hernández e sua família deixaram sua casa em La Ganadera. Voltaram "por volta das três da manhã" porque as crianças estavam com sono, explicou a mulher de 32 anos à AFP. Mas por volta das 5h eles começaram a ouvir mais explosões e "parecia que pedaços do tanque estavam caindo", acrescentou.

Ginelva Hernández, de 33 anos, mora na mesma comunidade com o marido e três filhos. "Saltamos da cama e quando saímos para a rua o céu estava amarelo", contou ela à AFP. "Está incontrolável o medo das pessoas na rua", disse.

Segundo a Cupet, o primeiro depósito “continha cerca de 26 mil metros cúbicos de petróleo bruto nacional, cerca de 50% da sua capacidade máxima”, quando foi atingido pelo raio. O segundo tanque tinha 52 mil metros cúbicos de óleo combustível.