Zelensky disse que a Ucrânia precisa ser forte e resistir às provocações da RússiaAFP

Poucos dias antes de a Ucrânia comemorar o aniversário de sua independência, coincidindo com seis meses da invasão russa, o presidente Volodimir Zelensky alertou que Moscou poderia fazer algo particularmente "cruel" esta semana.
"A Rússia poderia se esforçar para fazer algo particularmente repugnante e cruel", disse Zelensky durante seu discurso diário no sábado, 20.
A Ucrânia comemora em 24 de agosto sua independência da URSS em 1991, que este ano coincide com os seis meses da invasão russa. O conflito já causou dezenas de milhares de mortes e destruição em massa no país.
O presidente destacou que um dos "objetivos-chave do inimigo" era humilhá-los e "gerar depressão, medo e conflito". "Devemos ser fortes o suficiente para resistir a qualquer provocação" e "fazer os ocupantes pagarem por seu terror", acrescentou.
Um assessor da Presidência, Mikhaílo Podoliak, alertou que a Rússia pode intensificar seus bombardeios nos dias 23 e 24 de agosto.
"A Rússia é um Estado arcaico que vincula suas ações a certas datas, é uma espécie de obsessão. Eles nos odeiam e vão tentar aumentar... o número de bombardeios de nossas cidades, incluindo Kiev, com mísseis de cruzeiro", disse ele, citado pela agência Interfax-Ucrânia. 
Diante desses temores, as autoridades de Kiev anunciaram a proibição de qualquer manifestação pública de 22 a 25 de agosto na capital. 
No sábado, o governador da região de Kharkiv, no centro-leste da Ucrânia, anunciou um longo toque de recolher de 23 a 25 de agosto. "Vamos ser o mais vigilantes que pudermos durante o feriado de nossa independência", argumentou o governador Oleg Synegubov no Telegram.
Soma-se a esse contexto tenso a morte no sábado, 20, de Daria Dugina, filha do ideólogo próximo ao Kremlin Alexander Dugin, em uma explosão de seu carro perto de Moscou, segundo o Comitê de Investigação da Rússia.
Até agora, ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque e as autoridades ucranianas negam estar por trás do assassinato.
"A Ucrânia não tem nada a ver com a explosão de ontem porque não somos um Estado criminoso", disse Podoliak na televisão.
No sábado, um alto funcionário do serviço de inteligência ucraniano, o SBU, também foi encontrado morto com ferimentos de bala em sua casa, segundo a promotoria.
Nakonechny chefiava a SBU na região de Kirovohrad desde janeiro de 2021. Nos últimos meses, vários altos funcionários da organização foram demitidos, incluindo o chefe, após acusações de Zelensky de que ele não estava fazendo o suficiente para proteger a agência de espiões russos. 
No terreno, a Rússia persiste na invasão. Depois de fracassar em sua tentativa de tomar Kiev, Moscou concentrou sua ofensiva no sul e no leste, onde tenta controlar a totalidade de Donbass, parcialmente ocupado por separatistas pró-russos desde 2014.
Pavlo Kyrylenko, governador da região de Donetsk, que junto com Luhansk forma o Donbass, informou no domingo que quatro pessoas morreram e duas ficaram feridas no dia anterior pelos russos.
As forças russas intensificaram no domingo seus ataques terrestres e bombardeios ao longo de todo o front, de acordo com o relatório matinal do Estado-Maior ucraniano.
Entre as cidades bombardeadas estão Nikopol e Marganets, em frente à usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pelos russos, disse a fonte.
As forças russas também conseguiram ocupar uma parte da cidade de Blagodatne, 35 quilômetros a leste de Mykolaiv (sul), afirmou o exército ucraniano no Facebook.
A Rússia também bombardeia outras partes do território. Um exemplo é Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, que tem sido alvo de constantes ataques desde o início da invasão.
Uma mulher morreu e duas pessoas ficaram feridas desde sábado à noite em novos bombardeios russos naquela região, informou a promotoria regional.
Mais ao sul, na região de Odessa, o porta-voz da administração regional Sergei Brachuk informou que cinco mísseis de cruzeiro russos do tipo Kalibr foram lançados do Mar Negro. Três atingiram um silo no porto sem deixar vítimas.