Plano orçamentário inclui ajudas públicas elevadas para as contas de energiaReprodução/AFP
Liz Truss defende polêmica redução de impostos para economia britânica
'Nós tivemos que tomar medidas urgentes', disse a primeira-ministra, que alegou estar preparada para tomar decisões 'controversas e difíceis'
Londres - A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, defendeu nesta quinta-feira, 29, sua política de cortes de impostos, apesar da agitação que provocou nos mercados e obrigou uma intervenção do Banco da Inglaterra (BoE). "Nós tivemos que tomar medidas urgentes para fazer nossa economia crescer, fazer a Grã-Bretanha avançar e também para enfrentar a inflação", disse Truss à BBC.
"E, claro, isso significa tomar decisões controversas e difíceis, mas estou preparada para fazer isto como primeira-ministra", acrescentou. Após o aumento das críticas dentro da sua maioria, a conservadora Truss interrompeu um silêncio de vários dias para defender o plano que provocou uma tempestade no país desde sexta-feira, 23.
O plano orçamentário da chefe de governo inclui ajudas públicas elevadas para as contas de energia e reduções consideráveis de impostos. Calculado pelos economistas em algo entre 100 e 200 bilhões de libras (entre 106 e 212 bilhões de dólares), o plano provocou grande preocupação nos mercados. O Fundo Monetário Internacional (FMI) fez um alerta e pediu a Londres que reconsidere algumas medidas.
A cotação da libra esterlina desabou na segunda-feira, 26, ao mínimo histórico de 1,0350 dólar e desde então registrou uma leve recuperação. A moeda britânica voltou a registrar queda nesta quinta-feira diante da divisa americana. O BoE precisou intervir nesta quarta-feira, 28, e comprar títulos da dívida do Estado "para restabelecer as condições normais" em um cenário de aumento expressivo das taxas de juros dos títulos britânicos.
"Há muitas pessoas com muitas opiniões diferentes, mas eu acredito que ninguém está discutindo que tivemos que agir para lidar com uma situação econômica muito, muito difícil", insistiu Truss. O Reino Unido, que tem a maior taxa de inflação do G7, com quase 10%, já está em recessão, segundo o Banco da Inglaterra.
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