Usina nuclear de ZaporizhzhiaReprodução

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU, Rafael Grossi, confirmou viagens para Kiev e Moscou para discutir a segurança na usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, após a Rússia ter anunciado, na quarta-feira, 5, que vai tomar o controle da operação da estação atômica. Vladimir Putin assinou um decreto nacionalizando as instalações.
A usina nuclear de Zaporizhzhia está localizada na província de mesmo nome, uma das quatro anexadas ilegalmente pela Rússia na última semana. O território está sob domínio de tropas pró-Moscou desde meados de março, mas a operação dos reatores e da geração energética ainda está sob comando de engenheiros ucranianos — situação que foi discutida durante o conflito, em meio a temores de que a falta de operação ou manutenção pudessem causar uma catástrofe nuclear.

No entanto, o presidente Vladimir Putin assinou um decreto na quarta, nacionalizando as instalações e passando formalmente o controle da usina a engenheiros russos. De acordo com a reivindicação de Putin, uma vez que as instalações agora estão localizadas em território russo — ao menos na ótica de Moscou — ela também deve ficar sob o controle russo.

"O governo deve garantir que as instalações nucleares da usina (...) sejam aceitas como propriedade federal", diz um trecho do decreto assinado pelo presidente russo.

Autoridades ucranianas criticaram a decisão, classificando o decreto de Putin como "nulo", "sem valor", "absurdo" e "inadequado". O diretor da empresa de energia estatal da Ucrânia, Petro Kotin, afirmou que "todas as decisões sobre a operação da estação serão tomadas diretamente no escritório central da Energoatom", embora não tenha deixado claro como isso será possível, uma vez que o domínio militar do território ainda é russo.

A chancelaria ucraniana pediu que o G-7 impusesse novas sanções à empresa estatal de energia nuclear da Rússia, a Rosatom, e fez um apelo para que os países-membros da AIEA limitem a cooperação com a Rússia.

Em um comunicado na quarta-feira, Rafael Grossi, afirmou que estava viajando para Kiev para discutir o status da usina e que planeja fazer uma viagem à Rússia para discutir o assunto, mas não especificou quando. Novas informações devem ser fornecidas nesta quinta-feira, 6.

A agência internacional enviou dois funcionários para a região em setembro para avaliar independentemente a segurança da instalação, e solicitou o estabelecimento de uma zona de proteção ao redor da usina — Grossi chegou a dizer no mês passado que havia negociações ativas com a Ucrânia e a Rússia para encerrar as ações militares dentro e ao redor da usina, embora tenha dado poucos detalhes.

Separadamente, na quarta-feira, o AIEA comunicou que tem informações de que a usina planeja reiniciar um de seus seis reatores. Em setembro, o último reator em operação foi desligado por questões de segurança, enquanto os combates continuavam nas proximidades. A usina, em plena operação, fornecia cerca de um quinto do fornecimento de eletricidade da Ucrânia.