Massacre carcerário é o oitavo desde fevereiro de 2021 no EquadorRodrigo Buendia/AFP

Ao menos 29 pessoas morreram e 66 ficaram feridas após confrontos desde segunda-feira, 3, em dois presídios do Equador. Entre os feridos, cinco eram policiais. Com isso, chega a quase 400 o número de mortos em massacres carcerários desde o ano passado por causa da disputa de poder entre gangues vinculadas ao tráfico de drogas.
Os recentes confrontos entre detentos voltaram a ocorrer em duas das principais prisões equatorianas, gerando na Ouvidoria "preocupação com a reincidência de atos de violência".
A Ouvidoria pediu em comunicado nesta quinta-feira, 6, para atender à "baixa presença" de guardas nas prisões do país, com capacidade para cerca de 30.200 pessoas mas que conta com 32.400, segundo dados da entidade que administra as prisões (SNAI).
No presídio Guayas 1 do porto de Guayaquil, os confrontos que começaram na quarta-feira, 5, deixaram 13 mortos e 23 feridos, segundo informações da entidade estatal encarregada das prisões, a SNAI, nesta quinta-feira.
"As instituições de segurança continuam com seus trabalhos no Centro Penitenciário", afirmou o órgão no Twitter. Uma força de 900 policiais e militares foi enviada ao presídio para conter a revolta.
O Ministério do Interior anunciou, por sua vez, que "o controle foi recuperado" na prisão de Guayaquil, na qual um posto de comando junto com a força pública permanecem ativos "para monitorar a situação e garantir a ordem".
Na segunda e terça-feira também ocorreram confrontos entre detentos na prisão da cidade de Latacunga, no centro andino do Equador, deixando 16 presos mortos, a maioria desmembrados, e 43 feridos.
Neste caso, a violência teria se originado pelo assassinato de Leandro Norero, um traficante de drogas de 36 anos conhecido como "El Patrón", que foi detido em maio e era procurado pelo Peru.
O ministro do Interior, Juan Zapata, afirmou na terça-feira que a provável morte de Norero, que ainda não foi confirmada, poderia desencadear novos confrontos entre os detentos.
Entre os feridos em Guayas 1 estão cinco agentes penitenciários, que foram agredidos "com armas de fogo ao intervir para restabelecer a ordem", segundo a polícia, que divulgou um vídeo em que um agente ferido é visto ao ser evacuado do local por companheiros.
Nos centros de detenção, gangues como Los Chone Killers, Los Choneros, Los Lobos e Los Tiguerones administram o tráfico de drogas. As organizações, que têm ligações com cartéis mexicanos, lutam pelo domínio do negócio a sangue e fogo.
Em apenas um massacre, 122 prisioneiros morreram em Guayas 1 em setembro de 2021, um dos mais atrozes da América Latina. Três outros assassinatos também ocorreram lá.
Os confrontos que eclodiram na quarta-feira em Guayas 1 envolveram detentos de três dos doze pavilhões que abrigam cerca de 6.900 presos e que fazem parte de um grande complexo prisional de cinco prisões em Guayaquil, onde estão localizadas 13.100 pessoas, o que representa uma superpopulação de 20%.