Volodymyr ZelenskyHANDOUT / UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP

A Ucrânia reivindicou nesta sexta-feira (21) a reconquista de dezenas de localidades na região de Kherson, cidade estratégica do sul do país onde a administração de ocupação russa evacua milhares de civis para torná-la "uma fortaleza militar".
A informação foi divulgada no aplicativo Telegram pelo assessor da presidência ucraniana Kirilo Timoshenko, que não informou a data da reconquista.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, saudou "os bons resultados" da contraofensiva lançada no fim de setembro, que permitiu ao Exército ucraniano recuperar território e se apoderar de armas e munição das tropas de ocupação.
O avanço ucraniano no leste e no sul ganhou um novo impulso recentemente na parte meridional de Kherson, primeira grande cidade ucraniana a cair em mãos russas, em março. Segundo as autoridades de ocupação russa, quatro pessoas morreram, duas delas jornalistas, durante um bombardeio noturno ucraniano contra a ponte Antonivskiy, localizada sobre o rio Dnieper e usada para as evacuações.
A Ucrânia negou ter mirado em civis. "Não atacamos infraestrutura crítica, localidades pacíficas ou populações", afirmou a porta-voz militar Natalia Gumenyuk
Contraofensiva militar
Diante do avanço ucraniano, autoridades de ocupação russas declararam que estavam convertendo a cidade de Kherson "em uma fortaleza". O subcomandante da ocupação russa na cidade, Kiril Stremusov, disse que 15 mil pessoas já haviam sido evacuadas. Sua administração prevê deslocar "de 50.000 a 60.000" nos próximos dias.
O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, afirmou que as evacuações são uma "deportação em massa" que pretende mudar "a composição étnica do território ocupado".
Na mesma região, a Ucrânia acusou as forças russas de terem instalado minas na barragem de Kakhovka, para provocar uma catástrofe. Se a barragem explodir, "mais de 80 localidades, entre elas Kherson, estarão na zona de inundação rápida", advertiu Volodimir Zelensky.
"Isso poderia destruir o abastecimento de água em grande parte do sul da Ucrânia e afetar o resfriamento dos reatores da central nuclear de Zaporizhzhia, que obtém sua água nesse lago artificial de 18 milhões de metros cúbicos", acrescentou Zelensky.
O primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal, pediu hoje "o envio imediato" de uma missão de observação internacional à barragem. Nos últimos dias, a Rússia tomou como alvos as centrais energéticas da Ucrânia, obrigando o país a restringir o consumo de eletricidade.
Diplomacia
No front diplomático, o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, teve uma conversa telefônica com seu par russo, Serguei Shoigu, na qual lhe pediu que mantivesse "todos os canais de comunicação" abertos em relação à guerra na Ucrânia. Esse foi o segundo telefonema entre os dois desde que Moscou invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro. O anterior datava de 13 de maio.
Austin também reiterou ao colega ucraniano, Oleksiy Reznikov, "o compromisso inabalável" dos Estados Unidos em seguir apoiando a Ucrânia, informou o porta-voz do Pentágono.
A União Europeia (UE) anunciou que prepara um plano de ajuda econômica à Ucrânia de 1,5 bilhão de euros mensais a partir de 2023. Volodimir Zelensky acusou a Rússia de "atrasar deliberadamente" a exportação de cereais dos portos ucranianos para países da África e da Ásia.
A Ucrânia também expressou temor de que a Rússia abra outra frente a partir do território de Belarus, país aliado de Moscou, mas o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, declarou que "não faz falta" ao país uma guerra.
Os Estados Unidos afirmaram, por sua vez, que o Irã enviava efetivos à península da Crimeia (ocupada pela Rússia desde 2014) para ajudar as forças russas a operar drones suicidas de fabricação iraniana.
O Irã já foi foi alvo de sanções ocidentais por ter fornecido esses aparelhos à Rússia, embora tanto Teerã quanto Moscou neguem qualquer tipo de cooperação desse tipo.