Xi Jinping falou em sessão virtual no Fórum Econômico MundialNicolas Asfouri / AFP

O presidente da China, Xi Jinping, advertiu nesta quinta-feira, 17, sobre a possibilidade de uma nova "Guerra Fria" e tentativas de desmantelar redes de fornecimento construídas nas últimas décadas, convocando uma cooperação fortalecida e progresso na conquista da visão criada pela Cooperação Econômica Ásia Pacífico (Apec), de uma economia aberta na região.

"A economia global enfrenta uma grande pressão de declínio e crescentes riscos de recessão", afirmou Xi Jinping em observações escritas distribuídas pela conferência.
O líder chinês abriu seu discurso enfatizando que com a pandemia, "que está longe de acabar", o planeta vive uma das piores recessões de sua história, raramente vista, e a mais grave desde o fim da Segunda Guerra Mundial . 
"Mesmo com trilhões de dólares em programas de alívio, a recuperação é incerta", afirmou, mas disse acreditar que no fim a humanidade prevalecerá contra o vírus, saindo mais forte da jornada. "Devemos construir uma economia mundial aberta, descartar padrões, regras e sistemas discriminatórios e excludentes", ressaltou o presidente da China.
Segundo Xi, quatro pontos são cruciais para trazer a economia global de volta à estabilidade: o primeiro é melhorar a coordenação e organização da política macroeconômica. O segundo é deixar de lado os preconceitos ideológicos que levam ao isolamento dos países.
"Cada país tem sua própria história, sistemas e características, e nenhum é superior ao outro", disse. "Não há civilização humana sem diversidade e diferenças históricas. Em vez do ódio e do preconceito, que causam alarme, a escolha certa é a coexistência pacífica, deixando de lado as diferenças", completou.
A terceira solução é trabalhar para fechar o abismo entre o Norte e o Sul, entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento. "Esse abismo aumentou com a pandemia, e temos que reconhecer que avanços no desenvolvimento dos países mais pobres vão tornar mais sólido o terreno para a melhora econômica global", sentenciou Xi.
A quarta medida seria a construção de um futuro conjunto para evitar novas emergências de saúde como a Covid-19, reforçando os órgãos internacionais de saúde e os tratados para fazer face às mudanças climáticas, como o acordo de Paris, mantendo as metas de neutralidade de emissões de carbono.

"Nenhum país sozinho pode fazer tudo isso. É preciso que todos tenhamos um compromisso com o multilateralismo e façamos consultas mútuas", disse Xi. "Criar conflitos e fomentar uma nova Guerra Fria nos empurrarão para o confronto e só levarão a um beco sem saída. Não devemos retomar os caminhos do passado e sim apostar em igualdade, paz, justiça e liberdade", concluiu.

Os líderes da Apec se encontrão formalmente em sessões a portas fechadas na sexta-feira, 17, e no sábado, 18. Para alguns, será a terceira oportunidade de conversar pessoalmente nas últimas duas semanas. A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, também deve comparecer no lugar do presidente Joe Biden, que irá realizar o casamento de sua neta na Casa Branca.

Líderes de 21 países-membros da Apec apontaram a guerra na Ucrânia, grandes disputas de poder, inflação, crise climática e combate à pandemia como os principais pontos de enfrentamento na costa do Pacífico. As discussões aconteceram durante três reuniões consecutivas em um local fortemente vigiado de Bangcoc, capital tailandesa.

A guerra da Ucrânia, que elevou radicalmente os preços de alimentos e energia, rompeu redes de fornecimento e atrapalhou a recuperação global após a pandemia, é desafio para os esforços de consenso da Apec, já que há discordâncias entre seus membros sobre mencionar ou não o conflito.

"Nuvens sombrias se agigantam se não estivermos preparados", observou o presidente filipino Ferdinand Marcos Jr, que também expressou alívio com a volta das reuniões presenciais para "conduzir negócios da maneira que sabemos ser mais eficiente e produtiva".
*Com informações do Estadão Conteúdo e IG