Segundo a imprensa grega, as pessoas resgatadas seriam imigrantes da Síria e do EgitoAFP

Creta - Cerca de 500 migrantes foram resgatados nesta terça-feira, 22, em um navio no mar que banha a ilha de Creta, na Grécia. Após o socorro prestado pela Guarda Costeira do país, o governo de Atenas solicitou a imediata "solidariedade" europeia para atendê-los. O ministro da Imigração e Asilo, Notis Mitarachi, afirmou que os tripulantes estavam a bordo de um navio em péssimo estado e sobrecarregado.
O governo imediatamente pediu à Comissão Europeia "que ative as realocações para outros Estados-membros em nome da solidariedade europeia", disse Mitarachi no Twitter.
Os 27 Estados-membros da União Europeia, em desacordo sobre a questão da migração, devem se reunir em 25 de novembro para discutir o assunto. O navio, que emitiu um sinal de socorro na noite de segunda-feira, foi rebocado por um barco de pesca para o porto de Paleochora, no sudoeste de Creta.
Até o momento não há informações sobre a nacionalidade dos resgatados. Segundo o canal público grego ERT, são imigrantes da Síria e do Egito e entre eles há uma centena de crianças, que foram as primeiras a desembarcar.
Fotos tiradas enquanto o navio atracava neste pequeno porto de pesca mostraram a maioria dos homens no convés de um barco azul de cerca de 20 metros de comprimento, muito danificado e enferrujado.
Os guardas costeiros foram alertados pouco depois da meia-noite, enquanto fortes ventos sopravam no sudoeste de Creta, a maior ilha da Grécia. Dois navios de carga, um petroleiro e dois pesqueiros italianos prestaram ajuda, segundo a mesma fonte.
A questão migratória é um ponto de discórdia entre os vinte e sete países da UE, divididos sobre os mecanismos de solidariedade para aliviar os países na linha de frente de recebimento de migrantes, especialmente no Mediterrâneo.
Os países da Europa Central são hostis à realocação de migrantes em seu território, enquanto o Regulamento de Dublin deixa o exame de um pedido de asilo nas mãos do país através do qual o solicitante entrou na UE.
Recentemente, a Itália se recusou a receber o navio "Ocean Viking" com 230 migrantes a bordo, desencadeando uma crise diplomática com a França, que por fim aceitou que eles desembarcassem em seu território.
Paris pediu, então, "iniciativas europeias" para "um controle melhor das fronteiras externas e mecanismos de solidariedade". Países que são geograficamente a "porta" de entrada na UE para migrantes, como a Grécia, pedem mais solidariedade europeia.
Atenas já criticou várias vezes seus parceiros da UE por se recusarem a receber migrantes. Com o aumento das patrulhas da Guarda Costeira grega e da agência de fronteira da UE Frontex no Mar Egeu, os traficantes de migrantes usam cada vez mais a rota mais longa e perigosa ao sul de Creta, segundo as autoridades gregas.
"Quase 80% dos fluxos da Turquia vão diretamente para a Itália", disse o ministro grego da Migração, Notis Mitarachi, na semana passada. As tragédias humanas se multiplicam. Em 11 de outubro, pelo menos 30 pessoas morreram em dois naufrágios nas ilhas de Lesbos e Kythira.
Desde o início do ano, 360 migrantes que tentavam chegar à União Europeia morreram afogados no leste do Mediterrâneo , de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).