No funeral, aberto ao público na manhã desta quarta, caixão descansava no elegante salão Miguel de CervantesPierre-Philippe Marcou/AFP

Madri - Uma multidão de artistas e fãs que tiveram suas vidas marcadas pela música de Pablo Milanés deram seu último adeus ao cantor e compositor cubano, no velório realizado em Madri, Espanha, nesta quarta-feira, 23. O artista, que morreu na terça-feira, 22, será enterrado no mesmo país, em que morava desde 2017.
Milanés, um dos fundadores da Nova Trova Cubana, faleceu aos 79 anos na capital espanhola, onde estava internado para tratar "efeitos de uma série de infecções recorrentes". O anúncio da morte gerou uma onda de tristeza em Cuba e em todos os países, onde várias gerações cantaram sucessos como 'Yolanda' ou 'Yo no te pido'.
O funeral foi aberto ao público na manhã desta quarta, na Casa da América, instituição cultural em um palácio localizado na Plaza de Cibeles, centro de Madri. Em uma das laterais do prédio, uma fila de pessoas esperava pacientemente para se despedir do artista, debaixo de uma insistente chuva de outono.
"Ele foi, junto com Silvio [Rodríguez], um dos grandes trovadores de Cuba. Realmente, é uma perda muito lamentável para todos os cubanos", disse José Luis Matamoros, cubano de 68 anos que vive na Espanha,  enquanto esperava na fila.
Sem especificar onde ou quando, Federico Pérez, irmão da esposa espanhola de Milanés, Nancy, falou sobre o sepultamento em nome da família. "Será enterrado aqui [na Espanha] em total privacidade". Pérez aproveitou a ocasião para pedir "respeito pelo processo que estão passando".
"A família agradece profundamente por todo carinho e respeito que toda sociedade, todos setores e a população tiveram por Pablo", disse. Sobre a possibilidade de ser feita uma homenagem em Cuba, Pérez se limitou a falar que estas "são decisões familiares e pessoais que serão conhecidas com o passar dos dias".
O caixão do artista descansava no elegante salão Miguel de Cervantes, ao lado de um violão e de um retrato do cantor, em preto e branco, no qual se via o rosto sorridente. Vários músicos compareceram ao velório.
A urna estava cercada de inúmeras coroas de flores, entre elas enviadas pelo cantor Joaquín Sabina e pelo Balé Nacional de Cuba, além das que estavam em nome da família e da gravadora.
Entre as pessoas que passavam diante do caixão, algumas deixavam flores para o cantor, que foi um dos principais da juventude da esquerda latino-americana e espanhola dos anos 1970, se distanciando depois da Revolução de Fidel Castro. 
Na terça-feira, centenas de pessoas entoaram nas ruas de Havana canções de "Pablito", como era conhecido. Cantores e compositores também participar de uma "Trovada" em homenagem a Milanés, no Pabellón Cuba.