Segundo dados, 95% das pessoas que vivem em países ricos têm um telefone, enquanto esse índice cai para 49% nos pobresTânia Rêgo/Agência Brasil

A Organização Mundial das Nações Unidas informou, nesta quarta-feira, 30, que aproximadamente 75% da população mundial com mais de 10 anos tem um telefone celular em 2022. No entanto, um terço das pessoas ainda não está conectada à internet.
"Os telefones celulares são a porta de entrada mais comum para usar a internet, e a porcentagem serve como um indicador de disponibilidade e acesso à rede", comentou a União Internacional de Telecomunicações (UIT) da ONU em seu relatório anual sobre conectividade global.
O estudo, chamado de "Fatos e Números 2022", destaca que ter um celular não significa acessar à internet, especialmente em economias de baixa renda, onde o custo dos serviços de banda larga ainda é muito alto.
Segundo dados levantados pela UIT, 95% das pessoas que vivem em países ricos têm um telefone, enquanto em países pobres esse índice cai para 49%.
A pandemia da covid-19 e seus confinamentos forçaram centenas de milhões de pessoas a trabalhar ou estudar on-line, o que fez a conectividade deslanchar. O relatório ressalta que o acesso continua crescendo, mas menos rapidamente.
A porcentagem de pessoas que usam a Internet não parou de aumentar nos últimos anos e teve uma forte "alta" em 2020, disse Thierry Geiger, economista-chefe da UIT.
Porém, ainda há um longo caminho a percorrer, porque "muitas pessoas continuam a viver na escuridão digital", destaca Doreen Bogdan-Martin, que no início de 2023 se tornará a primeira mulher a liderar a agência. Apesar do progresso, o acesso "não tem a velocidade e a equidade necessárias em todo mundo", acrescentou em um comunicado sobre o relatório.
Hoje, estima-se que 5,3 bilhões de pessoas, 66% da população mundial, estejam conectadas. Quase todo mundo que não está na rede vive nos países mais pobres.
Uma medida de referência do acesso à Internet é o preço médio dos serviços de banda larga móvel, muitas vezes mais baratos do que o acesso fixo e que permitem aos utilizadores acesso à rede a partir de um smartphone.
O preço caiu de 1,9% para 1,5% da renda nacional bruta média per capita em 2022. Ainda assim, o custo continua sendo alto demais para o consumidor médio na maioria das economias de baixa renda. Um plano básico de dados móveis nesses países custa em média 9% da renda média, destaca o estudo.
A porcentagem ainda é muito superior ao custo de serviços semelhantes em países de renda mais alta, alerta a UIT. A agência da ONU pede a todos os países que garantam acesso facilitado à banda larga, o qual define como um custo inferior a 2% da renda nacional bruta mensal per capita.
"Temos que continuar trabalhando para tornar a Internet cada vez mais acessível, mesmo com a desaceleração global da economia que piora as perspectivas para muitos países", disse o secretário-geral da UIT, Houlin Zhao, em comunicado.
O economista Thierry Geiger enfatiza que, embora o custo da conectividade continue caindo, o aumento dos preços das necessidades básicas pode forçar muitas pessoas a ficarem off-line. O acesso à Internet é cada vez mais considerado um serviço fundamental, mas "a comida prevalece sempre", recordou.
A diferença numérica entre ricos e pobres também inclui uma diferença de gênero. Embora as mulheres representem quase metade da população mundial, há 259 milhões a menos delas em relação aos homens com acesso à Internet.
Apenas 63% da população feminina utiliza a web em 2022, em comparação com 69% da masculina, indica o relatório.