Recusa de doação para educação no Paraguai gera 'preocupação' na União Europeia Freepik
Recusa de doação para educação no Paraguai gera 'preocupação' na União Europeia
Situação ocorre após deputados do país rechaçarem doação alegando risco de interferência nos programas, particularmente em temas de gênero
A União Europeia (UE) expressou sua "profunda preocupação" nesta segunda-feira (5), depois que a Câmara dos Deputados do Paraguai rechaçou uma doação de 38 milhões de euros para a educação alegando risco de interferência nos programas, particularmente em temas de gênero.
"Manifestamos nossa profunda preocupação frente ao projeto de lei que busca derrubar o convênio de financiamento entre a União Europeia e a República do Paraguai. Lamentamos a desinformação gerada e as possíveis repercussões desta situação", expressou o bloco em comunicado.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, antecipou que vetará a decisão do Congresso caso o Senado sancione a rejeição em sua sessão ordinária desta semana.
"Isso não vai prosperar porque vou vetar. Além disso, é um tratado internacional. Isso é só um itinerário eleitoral que quer manipular as pessoas", expressou o chefe de Estado.
Ele se referia às primárias presidenciais, programadas para 18 de dezembro, no qual o seu movimento político enfrenta o grupo liderado por seu arquirrival, o ex-presidente Horacio Cartes (2013-2018).
Abdo apoia como candidato a presidente do Paraguai seu ex-ministro de Obras, Arnoldo Wiens. Cartes, por sua vez, apadrinha o jovem economista e ex-ministro da Fazenda, Santiago Peña. As eleições gerais estão programadas para 30 de abril de 2023.
Além disso, no dia 18, tanto Abdo como Cartes vão disputar a presidência do partido da situação.
A rejeição à cooperação "é em defesa dos meninos, meninas, pais, mães e famílias. O 'todes' não tem lugar na República do Paraguai", disse o deputado Basilio Núñez, pertencente ao partido Colorado, opositor ao governo de Abdo e próximo a Cartes.
Contudo, Abdo explicou que a suposta introdução da "ideologia de gênero" em um projeto "de transformação educativa" em troca da doação europeia, é uma desculpa de seus detratores políticos para prejudicar o seu governo.
A maioria dos deputados denunciou que a União Europeia pretende impor condições ao currículo da educação paraguaia para tornar efetivo o convênio.
Uma maioria opositora de 63 legisladores - de um total de 80 - derrubou a lei que autoriza a doação.
A UE esclareceu que o bloco "não decide o conteúdo do currículo escolar do sistema público educativo paraguaio", enquanto desmentiu a existência de qualquer condição para que o governo aceite a doação.
"Houve muita desinformação e confusão no debate", disse nesta segunda aos jornalistas Javier García de Viedma, embaixador da UE em Assunção.
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