Prédios em Gaza destruídos após bombardeio de Israel na sexta-feira, 29AFP
Nas últimas 24 horas, morreram 165 pessoas e 250 ficaram feridas, segundo a mesma fonte, que detalhou que 56.165 pessoas ficaram feridas desde o dia 7 de outubro.
Após mais de dois meses e meio de guerra entre Israel e o Hamas, uma delegação do movimento islamista viajou para o Cairo para discutir uma proposta egípcia que busca interromper a guerra no território palestino.
Os bombardeios se concentram no centro e sul da Faixa, onde, segundo o exército israelense, as tropas "estão ampliando a operação em Khan Yunis". Imagens da AFPTV mostravam fumaça sobre Rafah, na fronteira sul com o Egito, após novos ataques nas primeiras horas desta sexta-feira.
Dezenas de milhares de deslocados chegaram a esta cidade nos últimos dias, segundo a ONU, após a intensificação dos combates ao redor de Khan Yunis e Deir al Balah. No centro do território, os palestinos foram ao hospital Al Aqsa para identificar os corpos de seus familiares.
Do lado de fora, Suhair Nasser chorava enquanto segurava os corpos de seus gêmeos, falecidos em um ataque israelense na quinta-feira. "A casa foi bombardeada e os escombros caíram sobre as crianças", contou.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo sangrento ataque do Hamas em 7 de outubro em Israel, que deixou cerca de 1.140 mortos, a maioria civis, segundo contagem da AFP com base em números israelenses. Por volta de 250 reféns foram também capturados no ataque e cerca da metade permanece em cativeiro.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma intensa ofensiva aérea e terrestre que deixou pelo menos 21.507 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, de acordo com o último balanço do ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007.
Por sua vez, o exército israelense indicou que 168 de seus soldados morreram na guerra contra esse movimento islamista, classificado como grupo "terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
Uma população "extenuada"
Desde que Israel impôs um cerco total a Gaza em 9 de outubro, os habitantes sofrem com a falta de comida, água, combustível e medicamentos, aliviada esporadicamente por caravanas humanitárias que entram principalmente pelo Egito.You think getting aid into Gaza is easy? Think again. pic.twitter.com/CH4GuY6XUb
— Martin Griffiths (@UNReliefChief) December 29, 2023
O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou nesta sexta que estava "muito preocupado" com a crescente ameaça de doenças infecciosas em Gaza.
A Unrwa, por sua vez, afirmou que o exército israelense atirou em um de seus comboios de ajuda humanitária na quinta-feira, sem causar vítimas. O exército declarou que estava "verificando" as informações.As people continue to be massively displaced across the south of #Gaza, with some families forced to move multiple times and many sheltering in overcrowded health facilities, my @WHO colleagues and I remain very concerned about the increasing threat of infectious diseases.… pic.twitter.com/yszTuAN8Eu
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) December 29, 2023
Griffiths denunciou nesta sexta "uma situação impossível para a população de Gaza e para aqueles que tentam ajudá-los". "Acham que é fácil levar ajuda a Gaza? Pensem novamente", escreveu no X.
Um vendedor do mercado de Rafah, Muntaser al Shaer, de 30 anos, comemorou nesta sexta-feira que, pela "primeira vez" desde o início da guerra, "ovos e alguns tipos de frutas vindos do Egito" haviam entrado.
Um funcionário do Hamas disse à AFP sob condição de anonimato que a delegação entregará "a resposta das facções palestinas", que inclui "várias observações" sobre a proposta egípcia, apresentada ao movimento islamista e à Jihad Islâmica, outro grupo armado de Gaza.
O Hamas buscará também "garantias para uma retirada militar israelense completa" de Gaza, indicou o funcionário.
A Corte Internacional de Justiça (CIJ), sediada em Haia, anunciou nesta sexta que a África do Sul acusou Israel perante a instituição por "atos de genocídio contra o povo palestino em Gaza". As acusações foram negadas com "desgosto" por Israel.
A guerra em Gaza também intensificou as tensões em outras áreas. Na Cisjordânia ocupada, dois palestinos foram mortos nesta sexta por tiros israelenses, um por ser suspeito de realizar um ataque com um carro e o outro por tentar lançar uma bomba contra um posto militar, de acordo com o exército israelense.
No norte de Israel, as sirenes de alerta soaram várias vezes, segundo o exército, que afirmou ter identificado disparos provenientes do Líbano.
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