Lula durante a Sessão de trabalho do G7 mais países convidados e organizações internacionaisRicardo Stuckert / PR
Lula diz no G7 que Putin precisa ser incluído em cúpula de paz e critica 'vingança' de Israel
Presidente brasileiro afirmou que somente uma conferência internacional que inclua Rússia e Ucrânia poderá por fim à guerra e levar a um acordo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse aos líderes do G7 com os quais se reuniu nesta sexta-feira, dia 14, que somente uma conferência internacional que inclua Rússia e Ucrânia poderá por fim à guerra e levar a um acordo de paz.
Na Itália, Lula reiterou sua posição a respeito do conflito na Ucrânia e da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza - divergente da maioria dos líderes presentes.
O presidente defendeu mais uma vez que as cúpulas para debater a paz no Leste Europeu devem considerar a participação dos russos, como propuseram em recente comunicado conjunto os governos do Brasil e da China - principal parceiro estratégico de Moscou.
O presidente Lula falou ao Biden e aliados de Ucrânia e Israel durante a sessão de trabalho do G7 com países convidados em Borgo Egnazia.
"Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar", afirmou Lula, que discursou em reunião ampliada como convidado da premiê italiana, Giorgia Meloni, anfitriã do encontro. "Somente uma conferência internacional que seja reconhecida pelas partes, nos moldes da proposta de Brasil e China, viabilizará a paz."
Por causa da exclusão de Vladimir Putin, Lula recusou participar de uma conferência de paz a ser realizada neste sábado, dia 15, e domingo, dia 16, na região de Lucerna, na Suíça.
A iniciativa é patrocinada pela Ucrânia e visa a debater e angariar apoio à fórmula de paz proposta pelo governo Volodmir Zelenski. Kiev exige a devolução de todos os territórios e a retirada imediata das tropas russas.
Zelenski foi ao encontro dos líderes no G7 na véspera, assinou um acordo de defesa de longo prazo com os Estados Unidos, visto como um caminho para ingressar na Aliança do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e recebeu promessa de mais financiamento por meio dos ativos russos, da ordem de US$ 50 bilhões.
Excluído do bloco informal - anteriormente chamado de G8 - depois da tomada da Crimeia em 2014, Putin não tem assento na reunião. Ele se diz disposto a negociar a paz, mas quer manter o controle dos territórios ocupados e, por sua vez, exige que a Ucrânia remova militares das regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia. O russo também condiciona um acordo ao abandono, por parte da Ucrânia, da pretensão de ingressar na Otan.
O presidente Lula voltou a cobrar respeito a decisões dos órgãos de governança global ligados às Nações Unidas, como o Conselho de Segurança e a Corte Internacional de Justiça (CIJ). Ele afirmou que os órgãos estão "inoperantes" e "perpetuam privilégios".
Lula criticou as ações militares de Israel nos territórios palestinos - país que vem sendo demandado na Corte e no Conselho por causa da guerra contra os terroristas do Hamas. "Em Gaza, vemos o legítimo direito de defesa se transformar em direito de vingança", disse Lula.
O petista já havia usado a mesma comparação antes e também acusou em outros discursos Israel de fazer terrorismo e buscar o genocídio do povo palestino. Em fevereiro, ele comparou as ações das Forças de Defesa de Israel (FDI) ao holocausto, provocando uma crise diplomática com o governo Benjamin Netanyahu. Lula passou a ser considerado persona non grata no país e retirou o embaixador brasileiro de Tel-Aviv.
"Estamos diante da violação cotidiana do direito humanitário, que tem vitimado milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças. Isso nos levou a endossar a decisão da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça", afirmou o petista
Aos líderes do G7, Lula voltou a defender a taxação de super-ricos, citou preocupações com a defesa da democracia e usos da inteligência artificial no futuro. O presidente argumenta que a tecnologia deve ser de acesso a todos os países e possua regulação global, não sendo usada como arma de guerra.
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