Trump fez discurso na Assembleia Geral da ONUAFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, nesta terça-feira (23), que o reconhecimento da Palestina como Estado por um grupo de aliados de Washington seria uma "recompensa" ao grupo armado Hamas por "atrocidades horríveis". O republicano também aproveitou o discurso para criticar a atuação da ONU, questionar políticas de imigração e ironizar questões relacionadas às mudanças climáticas.
Estado palestino e guerra na Ucrânia
Trump defendeu uma solução urgente para o conflito em Gaza pedindo maior firmeza da comunidade internacional. Ele também afirmou que reconhecer o Estado Palestino seria uma "recompensa" por "atrocidades horríveis". 
"Isso seria uma recompensa pelas atrocidades horríveis cometidas (pelo Hamas), incluindo as de 7 de outubro, enquanto se recusam a libertar os reféns ou aceitar um cessar-fogo", disse Trump em um discurso na Assembleia Geral da ONU.
O republicano afirmou que "precisamos negociar uma paz em Gaza imediatamente. Nós queremos todos os reféns livres. Para a guerra acabar, queremos todos os 20 reféns livres".
O presidente também pediu esforços para encerrar a guerra na Ucrânia, criticando duramente países que, em sua avaliação, financiam o conflito ao comprar petróleo russo. "China e Índia são os maiores financiadores da guerra na Ucrânia por comprar petróleo russo", disse, acrescentando que "a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a Europa também precisam parar de comprar petróleo da Rússia. Isso é vergonhoso para eles". Trump afirmou que discutiria ainda hoje com líderes europeus formas de interromper essas importações e pediu que a própria ONU se junte aos EUA contra o petróleo russo.

O republicano destacou que os Estados Unidos estão preparados para impor "uma grande rodada de tarifas para parar a Rússia", sem dar detalhes, e reforçou a necessidade de que o "desenvolvimento de armas nucleares deve cessar". Ele acrescentou ainda que Washington pretende usar inteligência artificial (IA) para combater ameaças biológicas, também sem explicar.
Críticas à ONU
O presidente afirmou ter encerrado sete guerras "intermináveis" em oito meses, mas disse que "mesmo ajudando a terminar guerras, nunca recebi um agradecimento da ONU por isso" Segundo Trump, a instituição "só escreve cartas e suas palavras vazias não resolvem guerras".

O republicano argumentou que precisou agir "no lugar da ONU" para encerrar conflitos. Trump destacou ainda o fortalecimento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que, segundo ele, está "mais forte e poderosa do que em qualquer período na História".

Ele também defendeu a necessidade de impedir que o Irã desenvolva armas nucleares, classificando-as como "um grande perigo". Ao mesmo tempo, exaltou a capacidade militar norte-americana: "temos as melhores armas do mundo. Não gostamos de usá-las, mas precisamos às vezes".
Mudança climática
Durante seu discurso, Donald Trump chamou a mudança climática de "o maior golpe" da história e afirmou que o conceito de pegada de carbono é "uma farsa".

"A mudança climática é, na minha opinião, o maior golpe já perpetrado no mundo", declarou, e acrescentou que "a pegada de carbono é uma farsa inventada por pessoas com más intenções". Ele ainda ironizou os alertas científicos sobre clima, alegando que "diziam que aquecimento global iria acabar com o mundo, mas ficou mais frio. Por isso, agora, eles chamam de mudança climática".
Ele também voltou a criticar duramente as formas de energia renovável, chamando a energia eólica de "piada" e "muito cara". Segundo ele, países como Alemanha e Reino Unido provaram os riscos de apostar nessa transição, e a China estaria se beneficiando ao exportar turbinas produzidas com energia à carvão.

"Perdemos dinheiro com energia eólica. Nós precisamos fazer dinheiro com energia, não perder", afirmou. Trump acrescentou que o Reino Unido precisa parar de "estragar seus lindos campos com energia renovável" e revelou ter aconselhado o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a apostar no petróleo durante sua última visita de Estado ao país, na semana passada.

O republicano defendeu a energia nuclear como segura "se você souber usá-la corretamente" e exaltou sua política de incentivo à exploração de petróleo - "perfure, baby, perfure". 

Trump ainda acusou a China de ser o maior emissor de gás carbono entre as nações desenvolvidas e afirmou que, nos EUA, "os preços de energia têm caído muito nos últimos meses" e estarão "muito mais baixos daqui um ano".
'Imigração ilegal'
Trump também usou seu discurso na Assembleia Geral da ONU para atacar a política migratória europeia e criticar a própria organização. Ele afirmou que a "imigração ilegal está arruinando os países do Ocidente" e acusou a ONU de estar "financiando um ataque contra as nações ocidentais".

Segundo Trump, a Europa enfrenta "grandes problemas" e está sendo "destruída" por imigrantes ilegais, enquanto líderes locais, presos a um "discurso de politicamente correto", não agem para conter a crise. "Seus países estão indo para o inferno com imigrantes ilegais", disse o presidente, reforçando sua posição sobre o tema.

O republicano também voltou a comentar o governo da Venezuela. Ele afirmou que "vários barcos com drogas estão saindo da Venezuela em direção aos EUA" e acusou Nicolás Maduro, presidente do país, de liderar cartéis e redes de tráfico no país.
* Em atualização
* Com informações da AFP e do Estadão Conteúdo