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Da covid ao ebola: de onde vêm os nomes das doenças?

Nos últimos anos, os especialistas identificaram os surtos de gripe com letras e números, mas muitos acham difícil de lembrar

BBC Por BBC News Brasil
Documento que diz H1N1
Getty Images
Nos últimos anos, os especialistas identificaram os surtos de gripe com letras e números, mas muitos acham difícil de lembrar
Quando ficamos sabendo do surgimento de uma nova doença — como foi o caso recentemente da covid-19, procuramos aprender sobre as causas, os sintomas e como podemos evitá-la.
Raramente paramos para analisar o nome de uma doença ou por que decidiram chamá-la de determinada maneira.
No entanto, os nomes das doenças têm enorme peso político, econômico e social.
"Quando surge uma nova ameaça à vida, a primeira e mais premente preocupação é dar um nome a ela", diz a jornalista especializada em ciência Laura Spinney em seu livro Pale Rider: The Spanish Flu of 1918 and How it Changed the World ("Cavaleiro Pálido: a gripe espanhola de 1918 e como ela mudou o mundo", em tradução livre).
Em entrevista ao programa Word of Mouth, da BBC Radio 4, Spinney explica por que a denominação é tão importante.
"É muito difícil falar de algo que não tem um nome e mais difícil ainda combatê-lo. Depois de dar um nome, você pode falar sobre isso, discutir possíveis soluções, adotar ou rejeitar essas soluções, transmitir uma mensagem de saúde pública e pedir que as pessoas cumpram", afirmou.
"Acho que não há nada mais assustador do que algo que não tem nome e você não sabe o que é."
No entanto, às vezes, quando surge uma doença infecciosa, as autoridades se apressam em nomeá-la antes mesmo de conhecer todos os seus sintomas e efeitos. E, ocasionalmente, esses nomes ac5.77,25.45l-1.24-3.18h-4l-1.23,3.18H68.12l3.95-10h1l3.93,10Zm-1.6-4.23L73,18.13c-.15-.39-.3-.88-.46-1.45a14.88,14.88,0,0,1-.43,1.45l-1.18,3.09Z"/>
BBC Por BBC News Brasil
Documento que diz H1N1
Getty Images
Nos últimos anos, os especialistas identificaram os surtos de gripe com letras e números, mas muitos acham difícil de lembrar
Quando ficamos sabendo do surgimento de uma nova doença — como foi o caso recentemente da covid-19, procuramos aprender sobre as causas, os sintomas e como podemos evitá-la.
Raramente paramos para analisar o nome de uma doença ou por que decidiram chamá-la de determinada maneira.
No entanto, os nomes das doenças têm enorme peso político, econômico e social.
"Quando surge uma nova ameaça à vida, a primeira e mais premente preocupação é dar um nome a ela", diz a jornalista especializada em ciência Laura Spinney em seu livro Pale Rider: The Spanish Flu of 1918 and How it Changed the World ("Cavaleiro Pálido: a gripe espanhola de 1918 e como ela mudou o mundo", em tradução livre).
Em entrevista ao programa Word of Mouth, da BBC Radio 4, Spinney explica por que a denominação é tão importante.
"É muito difícil falar de algo que não tem um nome e mais difícil ainda combatê-lo. Depois de dar um nome, você pode falar sobre isso, discutir possíveis soluções, adotar ou rejeitar essas soluções, transmitir uma mensagem de saúde pública e pedir que as pessoas cumpram", afirmou.
"Acho que não há nada mais assustador do que algo que não tem nome e você não sabe o que é."
No entanto, às vezes, quando surge uma doença infecciosa, as autoridades se apressam em nomeá-la antes mesmo de conhecer todos os seus sintomas e efeitos. E, ocasionalmente, esses nomes acicou na ocasião o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"Ter um nome é importante para impedir o uso de outros nomes que podem ser imprecisos ou estigmatizantes. Também nos fornece um padrão a ser usado em futuros surtos de coronavírus."
A demora em anunciar o nome oficial, no entanto, pode ter consequências:
"O perigo quando você não tem um nome oficial é que as pessoas comecem a usar termos como 'vírus da China', e isso poderia criar uma discriminação contra certas populações", afirmou Crystal Watson, professora-assistente do Centro para Segurança da Saúde de Johns Hopkins, nos EUA.
Com as redes sociais, nomes não oficiais se firmam rapidamente e são difíceis de ser mudados, diz ela.

Dar nome aos bois

Em relação às diretrizes da OMS, Laura Spinney adverte que a adoção de um nome neutro, que não menciona a fonte de contágio e evita causar alarde, pode ser perigoso.
"Acho que a intenção da OMS de evitar o estigma e a discriminação é boa, mas neste contexto um nome tem que deixar as pessoas em alerta e esclarecer quais são as potenciais fontes de infecção que devem ser evitadas", declarou.
"Nomes insípidos e esquecíveis não farão as pessoas ficarem alertas, porque elas não saberão do que estamos falando."
A jornalista científica destaca que, às vezes, chamar as coisas pelo nome pode ter um efeito positivo.
Galinheiro
Getty Images
Laura Spinney acredita que é importante identificar as indústrias que geram riscos à saúde pública devido às suas más práticas
"Às vezes, dar o nome da origem pressiona um setor para evitar que o risco seja ainda maior. Por exemplo, 'gripe aviária' sugere alguma responsabilidade do setor agrícola e dos governos que a regulamentam."
"Mas se você extrair essa informação do nome, haverá menos pressão, e ninguém será forçado a se encarregar disso."
Mas os especialistas concordam que, no fim das contas, não existe uma pessoa ou grupo específico que decide o nome de uma doença: podem ser médicos, políticos, burocratas ou jornalistas.
"Simplesmente o nome que 'pega' é aquele que permanece", afirmou Spinney.
Sob o ponto de vista linguístico, Wright acredita que as novas diretrizes da OMS têm um efeito limitado.
"As regras pressupõem que há um poder que pode controlar o idioma, e isso não existe. As pessoas vão chamar do que quiserem."

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