Por tabata.uchoa

Nice - O motorista do caminhão que atropelou dezenas de pessoas durante as comemorações do Dia da Bastilha residia em Nice e não constava das listas de pessoas suspeitas de terrorismo, afirmaram autoridades nesta sexta-feira.

Vídeos e fotos mostram momentos de terror após atentado em Nice

Autor do ataque em Nice tinha passagem pela polícia

Motorista do caminhão não fazia parte da lista de suspeitos de terrorismoAFP

O franco-tunisiano de 31 anos foi morto pela polícia após o ataque, que aconteceu no fim da quinta-feira. Mohamed Bouhlel foi rapidamente identificado pelos documentos que portava, mas não parece ter conexão com grupos terroristas, incluindo o Forsane Alizza, que foi desmantelado em 2012.

O perfil pouco chamativo do motorista complica a investigação do terceiro maior atentado terrorista da França nos últimos 18 meses, dando às autoridades menos pistas sobre quais seriam os motivos do atentado.

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Os atropelamentos também contrastam com outros ataques recentes, que foram todos conduzidos por pessoas que tinham sido identificadas pela inteligência como potencialmente "radicalizadas". Para alguns oficiais franceses, o incidente de ontem guarda semelhança com o atentado à bomba de 1995, em Oklahoma City, que foi conduzido por um Timothy McVeigh apenas com a ajuda de um pequeno grupo de ajudantes e sem conexões maiores.

Eles acrescentaram que, mesmo que o ataque tenha sido conduzido por apenas uma pessoa, existe a possibilidade de que outros tenham participado da organização dele. A aquisição do caminhão e de outros materiais para o ataque indica certo grau de preparação.

"Foi em uma data bastante específica, em um aglomeração bem grande", disse uma autoridade. "Havia planejamento em tudo isso".

Hollande confirma que ataque em Nice foi ato terrorista

O presidente francês  François Hollande disse em um pronunciamento já na madrugada francesa que o atentado com um caminhão em Nice que matou pelo menos 77 pessoas, incluindo crianças, foi um ato terrorista. “A natureza terrorista [do ataque] não pode ser negada. O motorista foi morto a tiros, não sabemos se ele tinha cumplices”, disse Hollande. “Toda a França está sob ameaça do terrorismo islâmico”.

Hollande declarou que o estado de emergência iniciado após os ataques de novembro de 2015 e que se encerrariam no dia 26 de julho agora serão extendidos por mais três meses após o ataque de Nice. De acordo com o presidente, o trabalho da polícia aumentará, inclusive nas fronteiras

O presidente também disse que a França vai fortalecer sua campanha na Síria e no Iraque após o ataque a Nice.

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Um vídeo na Internet reproduzido por emissoras de TV no exterior mostra o caminhão se aproximando em baixa velocidade quando um homem tenta fazê-lo parar. Em seguida, o veículo acelera e se lança sobre a multidão.

Moradora de Nice há 11 anos, a brasileira Adriana Izzo-Ortolano relatou no Facebook o pavor vivido durante o atentado. No ataque ela e o marido ficaram a apenas um metro e meio do caminhão em alta velocidade.

"Foi após os fogos de artifício. De repente eu vi pessoas correndo, então este grande caminhão veio e atropelou alguém a sangue frio, que morreu. A gente se escondeu atrás de uma barraca doces e ouviu muitos tiros. A polícia disse degagez, que em francês significa corre. Parece que estamos a salvo por agora, Nós fechamos as janelas e persianas. Não sair de casa e rezar".

Segundo a administração regional de Alpes-Maritimes, da qual Nice é a capital, o atentado aconteceu por volta de 22h45 na Promenade des Anglais (Caminho dos Ingleses), uma das mais importantes da cidade cidade.

As autoridades suspenderam as comemorações do Dia da Bastilha e orientaram os moradores e turistas a permanecer em casa.

As primeiras imagens compartilhadas nas  redes sociais mostram corpos aglomerados em plena avenida e pânico em ruas adjacentes. No Twitter, o prefeito de Nice, Christian Estrosi, pediu que as pessoas não saissem de suas casas e diz que irá continuar divulgando informações. "O motorista de um caminhão parece ter causado dezenas de mortes", escreveu.

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