Por clarissa.sardenberg

Colômbia - Após o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ser premiado com o Nobel da Paz, os negociadores de seu governo e das Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (Farc) confirmaram o interesse de fechar um novo acordo de paz e de manter o cessar-fogo.

Os negociadores divulgaram um documento em que se comprometem a manter novas reuniões em Havana, Cuba, que sedia as conversas desde o início, e que ambos os lados apoiam a decisão de Santos de consultar "os diversos setores da sociedade" em um "processo rápido e eficaz" para definir "correções e imprecisões que serão discutidas".

Presidente colombiano Juan Mauel Santos (esquerda) e o líder das Farc Rodrigo Londoño 'Timochenko' (direita) com o presidente Raúl Castro (ao centro)EFE

As novas conversas foram convocadas após a população colombiana rejeitar, através de um referendo, o primeiro acordo celebrado entre governo e Farc - que contava com respaldo da comunidade internacional e de órgãos econômicos mundiais.

No breve texto divulgado nesta sexta-feira, os negociadores informaram que as bases do acordo anterior serão mantidas, já que "contém as reformas e as medidas necessárias" para garantir o fim da guerra.

Timochenko se manifesta

O líder das Farc, Rodrigo Londoño, conhecido por "Timochenko", usou as redes sociais para parabenizar o presidente Santos pelo Nobel. "Felicito o presidente Juan Manuel Santos, os garantidores Cuba e Noruega, os acompanhantes Venezuela e Chile sem os quais seria impossível a Paz", escreveu o representante lembrando dos países que mediaram e garantiram o primeiro acordo.

Timochenko ainda postou que "o único prêmio" que o grupo e que a Colômbia aspira "é a paz com justiça social, sem paramilitarismo, sem retaliações nem mentiras".

Uribe questionado

A fala de Timochenko sobre as "mentiras" pode estar relacionada a um fato revelado pela mídia colombiana nesta sexta-feira.

Em uma entrevista ao jornal "La Republica", o chefe da campanha do "não" ao referendo, Juan Carlos Vélez, disse que usou mentiras e distorceu fatos para fazer com que os colombianos votassem contra o primeiro acordo de paz.

A campanha contrária é encabeçada pelo ex-presidente Álvaro Uribe, que chegou a se reunir com Santos nesta quarta-feira para debater um novo pacto pela paz. Uribe negou que tenha se valido de mentiras para vencer, mas afirmou saber que o "dano já está feito" à imagem do processo. Por sua vez, Vélez foi proibido de voltar a falar pela campanha e sugeriu que as palavras deles foram "manipuladas". Contra isso, o diretor do jornal, Fernando Quijano, rebateu e disse que a conversa estava gravada e confirma tudo que seus repórteres escreveram.

Além da revolta dos colombianos nas redes sociais, o ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas, afirmou ao jornal "El Espectador" que o a revelação foi "lamentável" e que essa foi uma "confissão de que a campanha foi desleal".

Outros políticos colombianos também estão questionando o fato de Uribe participar dos novos debates pelo processo de paz e dizem que as revelações de Vélez "tiram a legitimidade" do ex-mandatário.

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