Por bianca.lobianco
Tel Aviv - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, suspendeu ontem a aprovação de novas construções em colônias da parte palestina ocupada de Jerusalém para evitar choques com os Estados Unidos, após a resolução da ONU que condena os assentamentos. Trata-se de um recuo diante do mal-estar com Washington. Na visão de Tel Aviv, o governo Obama armou a favor da Palestina.
Bibi’%2C como o premiê é chamado%2C reagiu à fala de John Kerry%3A ‘obsessiva’Divulgação

Mais cedo, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que o governo americano não vai “defender uma dinâmica perigosa” e que continuará a sugerir a “solução de dois Estados” como forma de se alcançar a paz no conflito entre Israel e Palestina.

Kerry explicou a decisão dos EUA de não exercer o poder de veto na votação de sexta-feira no Conselho de Segurança da ONU que exigiu de Israel o fim da política de assentamentos nos territórios palestinos. “Esse voto tinha o objetivo de defender a solução de dois Estados”, disse Kerry. O secretário também criticou Netanyahu, que classificou como o mais inclinado à direita da história do país e com uma “agenda impulsionada pelos elementos mais extremistas”. “A ampliação dos assentamentos não tem nada a ver com segurança”, atacou.

Netanyahu não vendeu barato o recuo. O premiê considerou o discurso de Kerry “parcial e obsessivo”. “Durante uma hora, falou de forma obsessiva sobre os assentamentos e quase não tocou nas raízes do conflito: a oposição palestina a um Estado judeu quaisquer que sejam suas fronteiras”, ralhou. “Foi uma grande decepção. Isso é o que tem a dizer a potência mais importante do mundo?”
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Até Trump se meteu na pinimba. O presidente eleito dos Estados Unidos afirmou que não se pode permitir que Israel seja tratado com “tanto desdém e falta de respeito” e antecipou que evitará isso quando chegar à Casa Branca, dia 20 de janeiro.
Em uma série de mensagens pelo Twitter, Trump voltou a reagir à resolução sobre Israel aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. “Israel costumava ter os Estados Unidos como um grande amigo, mas agora não”. “E agora isto!”, acrescentou o presidente eleito, referindo-se à resolução da ONU. “Mantenha-se forte, Israel, porque está se aproximando o 20 de janeiro!”, acrescentou Trump.
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Os projetos do assentamento foram elaborados antes da Resolução 2.334 da ONU, que proíbe Israel de construir em qualquer lugar do território que ocupa desde 1967 na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Israel anexou em 1980 a região oriental de Jerusalém, na qual vivem 300 mil palestinos, e a prefeitura administra a cidade como uma única entidade. A comunidade internacional, no entanto, não reconhece essa anexação e os países mantêm suas embaixadas em Tel Aviv por esse motivo.