Europa - A União Europeia (UE) recebeu nesta quarta-feira, às 13h20 hora local (8h20 em Brasília), a carta de Londres que inicia o processo de desligamento do Reino Unido do bloco europeu, anunciou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em sua conta no Twitter. A informação é da agência EFE.
"Após nove meses, o Reino Unido entregou", disse Tusk, que postou uma fotografia na qual é visto junto ao embaixador britânico perante a UE, Tim Barrow, quando este entregou a carta. Tusk acompanha a imagem com a frase "a carta do artigo 50", em referência ao artigo do Tratado de Lisboa que estabelece as negociações sobre a saída de um país da comunidade.
A carta foi entregue enquanto a primeira-ministra britânica, Theresa May, se dirigia ao parlamento britânico para informar aos deputados sobre a ativação do documento. Segundo a premiê, o país vai continuar lutando para que o país permaneça forte, próspero e capaz de liderar o mundo, projetar seus valores e defender-se das ameaças de segurança". "Estamos deixando a União Europeia, mas não a Europa - e queremos continuar como parceiros e aliados comprometidos com nossos amigos em todo o continente", diz a carta.
O Reino Unido ficará fora da União Europeia no prazo de dois anos, a menos que os 27 Estados-membro concordem de maneira unânime em continuar com as negociações, ou se o Reino Unido voltar atrás nesse prazo de 24 meses.
Espera-se que em 48 horas a partir desta quarta-feira, Tusk torne público uma minuta de "diretrizes negociadoras", que levarão em conta o conteúdo e as intenções expressas na carta britânica. Nas semanas posteriores, o documento será debatido em diferentes esferas.
Os líderes dos 27 países adotarão as diretrizes que fixarão os princípios básicos das negociações em uma cúpula extraordinária que acontecerá em 29 de abril.
Ministro alemão diz que negociações não serão fáceis
Sigmar Gabriel, Ministro de Relações Exterioes da Alemanha, acredita que as negociações do Brexit serão difíceis, uma vez que os membros remanescentes vão tentar manter boa relação com o Reino Unido, ao mesmo tempo em que defendem a integração do bloco e do mercado interno.
"As negociações certamente não serão fáceis para ambos os lados", afirmou o alemão. "O Reino Unido continua nosso vizinho e vice-versa. Precisamos um do outro e devemos fazer de tudo para manter uma relação amigável no futuro", completou Gabriel.
Presidente do Partido Popular fala em "grande erro"
O presidente do Partido Popular Europeu, Manfred Webber, acredita que o Reino Unido está comentendo um 'grande erro' e que está decisão terá impactos negativos tanto para o Estado quanto para o continente. "A história irá mostrar que o Brexit é um tremendo erro. Vai criar muitos danos para ambos os lados", disse Webber.
Britânicos protestam
Cerca de cem mil pessoas foram às ruas de Londres protestar contra a saída do Reino Unido da União Europeia. A passeata partiu de diferentes pontos da cidade e se concentrou em frente ao Palácio de Westminster, sede do Parlamento Britânico.
O evento contou com a participação de muitas famílias e jovens, e ocorreu em meio às fortes medidas de segurança em Londres por causa do atentado registrado na última quarta-feira, quando Khalid Masood matou quatro pessoas na Ponte de Westminster e na porta do Parlamento antes de ser abatido pela polícia.
Com cartazes e bandeiras da UE, manifestantes fizeram uma passeata em ambiente festivo, que contou também com a presença de políticos pró-Europa, entre eles o líder liberal-democrata, Tim Farron, que exige um segundo referendo sobre o acordo final que o governo britânico firmar com a União Europeia.