Manchester - A polícia de Manchester efetuou cinco prisões nesta quarta-feira, enquanto a polícia de Trípoli prendeu o pai e um irmão de Abedi. Um porta-voz da unidade local antiterrorismo disse que o irmão mais novo, Hashem Abedi, foi preso por suspeitas de ligação com o Estado Islâmico e é suspeito de planejar realizar um ataque na capital líbia.
A biografia do terrorista suicida, o britânico de origem líbia de 22 anos Samal Abedi, educado e formado no sistema local, sugere que, sob essa aparente coesão, esconde-se em Manchester um substrato de tensões entre as comunidades.
"O difícil de encarar agora é que (o agressor) foi criado aqui", reconheceu hoje o prefeito da região metropolitana de Manchester, o trabalhista And Burnham.
A mesquita de Didsbur, que Samal supostamente frequentava junto com o seu irmão Ismail - que foi detido na terça-feira - e seu pai, Ramadan Abedi, denunciou hoje que recebeu "notícias preocupantes sobre atos de ódio direcionados aos muçulmanos, como insultos e vandalismo nas mesquitas", e sugeriu aos afetados que denunciassem à polícia.
O porta-voz e membro do Conselho de Administração da mesquita, Fawzi Haffar, condenou "o atroz" atentado cometido após o show de Ariana Grande, que deixou 22 mortos, entre eles crianças, e 64 feridos, e enfatizou que "tal ato de covardia" não pertence à religião islâmica, nem a nenhuma outra".
O porta-voz não detalhou se Abedi e seus familiares tinham comparecido à mesquita e se, como também foi veiculado pela imprensa, seu irmão mais velho era o técnico de informática do centro. Uma muçulmana que frequenta regularmente o templo, jornalista da "BBC" e que pediu o anonimato, disse à Agência Efe que Didsbur "é uma mesquita moderna, aberta e liberal".
"Duvido que (ele) tenha se radicalizado aqui", declarou a jornalista. Esta mulher constatou, no entanto, que em Manchester, "assim como em qualquer cidade", "há tensões" entre as diferentes comunidades e, nos últimos anos, "aumentaram as agressões contra muçulmanos".
"(As agressões) começaram sobretudo após os atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. Eu mesma fui atingida por uma cusparada no rosto", contou a jornalista de fé islâmica. Este contexto de marginalização e de desconfiança mútua, segundo os especialistas, pode levar à radicalização em alguns casos.