Por thiago.antunes

Seattle (EUA) e Estocolmo - A obesidade está com apetite incontrolável: 2,2 bilhões de pessoas no mundo todo sofrem com quilos a mais, ou o equivalente a 30% da população mundial. E sofrimento vai muito além da estética. Doenças ligadas ao sobrepeso mataram, em 2015, quatro milhões. Mas 40% tinham índice de massa corporal (IMC) abaixo de 30, o que não caracteriza obesidade — mas agrava mais a ‘epidemia global’.

A Universidade de Washington compilou números de 195 países ao longo de 35 anos e publicou os resultados ontem no ‘New England Journal of Medicine’. A pesquisa, apresentada em conferência em Estocolmo, é considerada a mais abrangente já realizada. O número de obesos mais que dobrou em 73 países e aumentou em outros lugares do mundo desde 1980, quando foi lançado o estudo.

Pesquisa informa que o Egito é o 'campeão' da obesidade em adultosAFP

“As pessoas que não ligam para o aumento de peso assumem riscos e perigos, como o de desenvolver doença cardiovascular, diabetes, câncer e outras patologias fatais”, advertiu Christopher Murray, coautor da pesquisa.

Na conclusão do estudo, em 2015, 107,7 milhões de crianças e 603,7 milhões de adultos em todo o mundo foram considerados obesos, desencadeando o que os autores descreveram como “crescente e perturbadora crise global de saúde pública”.

A taxa de obesidade em crianças, embora tenha permanecido mais baixa do que entre os adultos, aumentou a um ritmo mais rápido — descoberta que os especialistas descreveram como especialmente “preocupante”.

“O excesso de peso corporal é um dos problemas de saúde pública mais desafiadores do nosso tempo”, disse Ashkan Afshin, professor assistente de Saúde Global. “Ao longo da última década, várias intervenções foram avaliadas, mas existem poucas evidências sobre a sua eficácia no longo prazo”, acrescentou, anunciando parceria de dez anos com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura para avaliar o progresso global contra o excesso de peso.

Em editorial que acompanha o estudo, Edward Gregg e Jonathan Shaw, epidemiologistas nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, disseram que a descoberta mais preocupante foi a quase triplicação da obesidade em jovens e jovens adultos em países de renda média — China, Brasil e Indonésia. “Um surgimento precoce da obesidade provavelmente se traduzirá em alta incidência cumulativa de diabetes tipo 2, hipertensão e doença renal crônica”, advertiram.

Você pode gostar