Caracas - A oposição venezuelana convocou uma greve cívica nacional de 24 horas na próxima quinta-feira para pressionar o presidente Nicolás Maduro a retirar a convocatória de uma Assembleia Nacional Constituinte, após conseguir um voto maciço de rejeição em um plebiscito simbólico.
"Convocamos todo o país a realizar nesta quinta-feira, em protesto maciço e sem violência, uma greve cívica nacional ativa de 24 horas como mecanismo de pressão e preparação para a escalada definitiva que será na semana que vem", disse o dirigente opositor Freddy Guevara.
Guevara afirmou que a greve cívica - paralisação de atividades formais e informais - faz parte da escalada dos protestos que começaram há quase quatro meses e deixaram 96 mortos, para "enfrentar a fraude constituinte e conseguir a restituição da ordem constitucional" na Venezuela.
Como parte da estratégia, o Parlamento, dominado pela oposição, nomeará na sexta-feira novos magistrados do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que acusa de dar um "golpe de Estado" na Venezuela com sentenças que minam as faculdades do Legislativo.
Além disso, os partidos da coalizão opositora Mesa de la Unidad Democrática (MUD) assinarão na quarta-feira um compromisso para a conformação de um futuro "governo de união nacional".
Apesar do anúncio da sua ofensiva, Guevara assegurou que a MUD está disposta a dialogar, desde que o governo retire a convocatória a uma eleição, prevista para 30 de julho, dos 545 membros da Assembleia Constituinte.
"Se o regime acatar a decisão soberana do povo, retirar sua proposta constituinte, os venezuelanos e sua liderança estão dispostos (...) a discutir de maneira aberta e transparente, sem manipulações nem enganos, de frente para o país com propostas sérias", apontou.
Essas ações marcam o início do que a MUD chama de a "hora zero", uma estratégia para acelerar um desenlace do conflito, após conseguir o voto de 7,2 milhões de pessoas em um plebiscito simbólico que realizaram no domingo contra o presidente e sua Constituinte.
O governo questionou esses resultados, apontando que o processo não é vinculante e é "ilegal" por não ter o aval do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que a oposição acusa de servir ao governo.