Berlim - Pelo menos 547 crianças do famoso coral católico alemão de Regensburger foram vítimas de maus-tratos, incluindo abuso sexual, cometidos entre 1945 e o início dos anos 1990 — aponta informe da investigação publicado nesta terça. O escândalo também envolve o irmão do Papa Emérito Bento XVI, chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, que acaba de ser afastado pelo Papa Francisco. Ele é criticado por não ter feito o suficiente para esclarecer o drama.
Cerca de 500 menores do coral sofreram maus-tratos físicos, e outros 67, estupro, declarou Ulrich Weber, advogado encarregado pela Igreja de esclarecer o caso, que veio à tona em 2010. Os números são bem superiores aos publicados em janeiro de 2016, quando relatório apontara 231 vítimas.
Os fatos revelados incluem delitos e crimes que vão do estupro à privação de alimentos, passando por espancamentos e agressões sexuais. A maioria dos casos prescreveu, porém, e os 49 autores identificados não serão processados. Em contrapartida, cada vítima deverá receber 20 mil euros (R$ 73 mil) de indenização.
As vítimas descreveram a passagem pelo coro como “uma prisão, um inferno e um campo de concentração”, ou ainda, como “o pior momento da vida, marcado pelo medo, pela violência e pelo sofrimento”.
O caso diz respeito, em particular, aos maus-tratos ocorridos no período em que o irmão do Papa Bento XVI, Georg Ratzinger, dirigiu o coral de jovens cantores entre 1964 e 1994. Georg, que agora tem 93 anos, assegura que não tinha conhecimento dos abusos. De acordo com Weber, porém, o irmão de Bento XVI estava ciente dos crimes e preferiu “fechar os olhos”.