Por thiago.antunes

San Juan - Na contramão de quase todos os voos programados para sobrevoar o Caribe esta semana, o Delta 431 'apostou uma corrida' contra o Furacão Irma e ganhou. O que surpreendeu a comunidade internacional e aficionados por aviação não foi apenas um desvio de rota rumo a Porto Rico como o adotado pela tripulação que levava o Papa Francisco do Vaticano para Bogotá , mas a coragem de manter a viagem de volta, tudo isso a poucos minutos de Irma chegar destruindo tudo.

Eram 8h12 de quarta-feira em Nova York (9h12 em Brasília) quando o Boeing 737 decolou rumo a Porto Rico. Irma já se deslocava perigosamente pelo espaço aéreo, mas o voo seguiu seu rumo. A essa altura, o voo 'viralizou', e fãs de aviação e 'geeks' passaram a seguir o destemido avião nos sites de rastreamento grátis.

Site de rastreamento de voos mostra o Boeing da Delta saindo de San Juan por uma fresta de IrmaReprodução

O DL431 aterrissou no Aeroporto Internacional Luis Muñoz Marin às 12h01, hora local. A tripulação, então, tomou uma decisão ousada: trocaria os passageiros e todas as suas bagagens a tempo de virar para o DL302, que faria o caminho inverso.

"Era o mesmo que fazer um pit-stop da Ferrari num GP de Fórmula-1, mas com um boeing e em um aeroporto", comparou Jason Rabinowitz, um dos entusiastas que 'assistiram' à odisseia. E a agilidade foi digna da escuderia italiana. Segundo os registros da própria Delta, o boeing decolou às 12h41 de San Juan com 173 passageiros exatos 40 minutos para fazer todo o procedimento. E o piloto apontou para Nova York passando por uma fresta, entre dois braços da imensa tempestade.

Tempo 'bom' no pouso

Agentes da companhia aérea explicaram ao 'Washington Post' que a tripulação estava munida de relatório, atualizado a todo instante, sobre Irma. O avião pousou em San Juan com relativa boa visibilidade (de 14 km), chuva fina e ventos dentro do aceitável (45 km/h, com picos de 58 km/h).

"Nosso time de meteorologistas é o melhor da aviação", afirmou Erik Snell, vice-presidente de Operações da Delta. "Eles analisaram meticulosamente a previsão de rota da tempestade e, conversando com o pessoal em terra, afirmaram que era seguro seguir com os voos", continuou. "A equipe do aeroporto também foi incrível 'virando' o avião", acrescentou Snell.

As condições do tempo pioraram em Porto Rico minutos depois da decolagem. As rajadas chegaram a 178 km/h numa ilha próxima à capital. O DL302 foi o último a partir. Até a torre de comando do aeroporto teve de ser fechada.

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