Seul - O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou firmemente ontem o novo disparo de míssil norte-coreano, que considerou "altamente provocador". No mesmo tom, o presidente Donald Trump advertiu que, "mais uma vez", o governo de Pyongyang "mostrou seu desprezo por seus vizinhos e pela comunidade internacional". "Depois de verem nossa capacidade, tenho mais confiança do que nunca de que nossas opções são não apenas efetivas, mas também demolidoras", ameaçou.
Mas Kim Jong-un parece não temer ninguém. O líder afirmou à noite que seu país está próximo de dispor de uma arma nuclear, apesar das sanções da ONU, e que sua meta é atingir um "equilíbrio real de forças" com os Estados Unidos. Citado pela agência estatal KCNA, Kim declarou que o lançamento do míssil de médio alcance Hwasong-12, que na véspera sobrevoou o Japão antes de cair no Oceano Pacífico, foi um sucesso e "incrementou o poderio bélico nuclear" da Coreia da Norte.
A ONU pediu à Coreia do Norte que suspenda imediatamente os testes com mísseis, que são "atos escandalosos", avaliou o Conselho.
Já os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da França, Emmanuel Macron, pediram negociações diretas com a Coreia do Norte para terminar com a escalada bélica. Segundo o Kremlin, os dois dirigentes mantiveram uma conversa telefônica na qual coincidiram sobre "a necessidade de resolver esta situação extremamente complicada exclusivamente por meios políticos e diplomáticos, retomando negociações diretas".
Pequim condenou o disparo e pediu demonstrações de prudência. "O coração do problema é a oposição entre Coreia do Norte e EUA. A China não está na origem da escalada de tensões", reagiu o porta-voz Hua Chunying.
Seul respondeu com testes militares que incluíram o lançamento de mísseis Hyunmu no mar do Japão, segundo o ministério da Defesa. Um destes artefatos percorreu 250 km, uma distância suficiente para teoricamente atingir o local de onde partiu o míssil norte-coreano, em Sunan, perto do aeroporto de Pyongyang.
Para o físico David Wright, "a Coreia do Norte demonstrou que pode atingir Guam com um de seus mísseis, mesmo que não se saiba com que carga e precisão". O projétil percorreu distância de 3.700 km após ter sido disparado de local próximo a Pyongyang, dias depois de o Conselho de Segurança aprovar uma oitava série de sanções para tentar convencer o regime norte-coreano de negociar seus programas ilegais balístico e nuclear.
A resolução foi represália ao sexto teste nuclear norte-coreano, de longe o mais potente, no qual Pyongyang detonou uma bomba H de um tamanho capaz de ser transportada por um míssil.