Por marlos.mendes

Espanha - O governo da Espanha demonstrou nesta segunda-feira que está decidido a impedir uma eventual declaração unilateral de independência da Catalunha, um dia depois do referendo de autodeterminação proibido pela Justiça e marcado pela violência policial. O ministro espanhol da Justiça, Rafael Catalá, afirmou que o governo fará "tudo o que a lei permite para impedir” a declaração unilateral de independência.

A intensa mobilização das últimas semanas deve prosseguir nas ruas da Catalunha, com uma greve geral convocada para próxima terça-feira na região por 44 organizações, incluindo os dois maiores sindicatos - União Geral de Trabalhadores (UGT) e Comissões Operárias (CCOO). Nesta segunda-feira, dois protestos foram convocados para o centro de Barcelona: um deles, na Praça Universidade, onde centenas de pessoas gritavam "as ruas serão sempre nossas".

Madri fará 'tudo o que a lei permite' para impedir declaração catalã de independência AFP

O presidente regional, Carles Puigdemont, pediu a retirada da Polícia enviada por Madri à Catalunha e solicitou uma mediação internacional da crise. Ele se reuniu com seu governo, horas depois de afirmar que os catalães "ganharam o direito de ter um Estado independente". A afirmação foi contestada pelo ministro espanhol da Justiça, Rafael Catalá.

"Se alguém pretende declarar a independência de uma parte do território em relação à Espanha, como não pode, como não está dentro de suas competências, será necessário fazer tudo o que a lei permite para impedir que isso aconteça", disse o ministro, e ainda considerou que é "evidente" a necessidade de "recuperar o diálogo entre todas as forças políticas", depois de um dia no qual a polícia reprimiu os manifestantes que queriam votar na consulta proibida.

Comissão Europeia quer diálogo

A União Europeia (UE) e a ONU pressionaram nesta segunda-feira o governo espanhol para que estabeleça um diálogo com os separatistas catalães. Em um comunicado, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu ao governo conservador de Mariano Rajoy investigações "completas, independentes e imparciais" sobre "todos os atos de violência" ocorridos no último domingo.

Em imagens que rodaram o mundo, as forças de ordem aparecem agredindo com empurrões, socos e balas de borracha os manifestantes decididos a votar. Segundo o Executivo catalão, quase 900 pessoas precisaram de atenção médica.

Por sua vez, a União Europeia pediu a Madri e Barcelona "que passem rapidamente do confronto ao diálogo", porque "a violência nunca pode ser um instrumento de política".


Segundo o Executivo catalão, o "sim" a um "Estado independente em forma de república" venceu com 90%, ou seja, 2,02 milhões de votos. A votação não teve nenhuma das garantias habituais, já que o censo eleitoral não era transparente, não havia junta de supervisão, nem cabines para assegurar o voto secreto.

Puigdemont afirmou, porém, que enviará os resultados ao Parlamento da Catalunha, para que atue de acordo com a lei do referendo, aprovada no início do mês passado.Com base em suas afirmações, o Executivo catalão pode declarar de maneira unilateral a independência de uma região fundamental para a Espanha, já que representa 16% de sua população e 19% do PIB.

Apesar das críticas e dos pedidos de diálogo, no exterior nenhum país defende a independência da Catalunha. 

?Com informações da AFP

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