Paris - O grupo extremista Estado Islâmico (EI) tinha a reputação de apenas reivindicar os atentados que havia organizado ou inspirado. Porém, nos últimos meses, após ter perdido terreno em seu "califado" na Síria e no Iraque, surgem dúvidas a respeito de suas reivindicações, segundo especialistas e autoridades.
O EI afirmou que o assassino de Las Vegas, Stephen Paddock, um contador aposentado e assíduo apostador, era na verdade "Abu Abdelberr, o americano", "soldado do califado", recentemente convertido ao Islã.
No entanto, os investigadores e os serviços de inteligência se mostraram céticos quanto a essa declaração. O FBI publicou um comunicado no qual descartou, até o momento, qualquer ligação entre Paddock com alguma organização terrorista.
Atualmente o "Daesh (acrônimo em árabe do Estado Islâmico) tende a reivindicar todos os atentados, porque sofreu perdas militares e, ao mesmo tempo, tem que seguir ganhando espaço na mídia", declarou nesta terça-feira o ministro do Interior francês, Gérard Collomb.
O procedimento de assinatura de um ataque ou tentativa, incluindo frustrado ou abortado, manteve-se o mesmo por muito tempo: antes de realizar o ato, incluindo durante o atentado em si, caso fosse possível, o extremista deveria jurar fidelidade ao chefe do grupo, o autoproclamado "califa", Abu Bakr al Bagdadi, e reivindicar a sua ação em nome da jihad.
Deveria deixar em evidência, em sua casa ou carro, uma bandeira na cor preta, pertencente ao EI. Poderia também gravar um vídeo ou áudio para postá-lo na internet. Desde o atentado em Nice, sul da França, em 2016, no qual morreram 86 pessoas quando um tunisiano que dirigia uma van atropelou uma multidão que comemorava o 14 de julho (feriado nacional francês), começaram a surgir dúvidas.
O Estado Islâmico se apressou em reivindicar a autoria do ataque, mas até o momento não foi confirmado nada que pudesse vincular o autor com o grupo extremista ou qualquer outro movimento.