EUA - O cineasta Woody Allen lamentou, no último domingo, os caso de denúncias de abusos sexuais envolvendo o produtor de Hollywood Harvery Weinstein. Ele afirmou que “não haverá vencedores” e acredita que a situação é triste tanto para as vítimas quando para Weinstein, “que teve sua vida arruinada”. Ele disse também que teme uma “caça às bruxas” em Hollywood.
Em 2014, Dylan Farrow, filha adotiva de Woody Allen, relatou em uma carta ao jornal americano "The New York Times", supostos abusos sexuais praticados pelo cineasta quando tinha sete anos. Em 1992, Allen foi alvo de outra polêmica envolvendo sua ex-mulher, a atriz Mia Farrow, e sua filha adotiva, Soon Yi Previn, adotada antes do casamento com o cineasta. Mia teria descoberto um relacionamento entre Allen e sua filha, além de nudes de Soon pertencentes ao cineasta, o que rendeu mais uma acusação de abuso sexual. Apesar de não ter sido condenado, Allen perdeu a guarda dos filhos e passou a viver com a Soon Yi, que na época tinha 19 anos. O romance entre os dois teria começado quando a menina tinha 13 anos, o que configuraria o crime de pedofilia.
Abusos sexuais de Harvey Weinstein eram permitidos por seu contrato
Harvery Weinstein, de 65 anos, um dos homens mais poderosos da indústria do cinema, recebeu diversas acusações de assédio e abuso sexual por dezenas de mulheres, em sua maioria jovens atrizes e assistentes, desde a publicação de uma reportagem no The New York Times em 5 de outubro.
Angelina Jolie, Cara Delevingne, Ashley Judd, Rose Mcgowan, Lucia Evans e a modelo Ambra Battilana Gutierrez são alguns dos nomes que acusaram o produtor tê-las obrigado a vê-lo pelado, de tentar fazer com que o massageassem, ou mesmo de propor ajudá-las em suas carreiras em troca de sexo.
O site americano TMZ obteve o contato de Harvery com sua empresa, a Weinstein Company, que dizia que ele poderia ser processado por assédio e não seria demitido, teria apenas de reembolsar a empresa se houvesse alguma condenação. O contrato ainda especificava os valores progressivos que Weinstein teria de pagar em cada ocorrência, que podia chegar a US$ 1 milhão.
O irmão do executivo, Bob Weinstein, que fundou com ele a Miramax nos anos 1970 e também operava a The Weinstein Company, afirmou que está vivendo um pesadelo e que não tinha ideia de que seu irmão era "esse tipo de predador". O estúdio de Harvey produziu sucessos de bilheteria como 'O Discurso do Rei' e 'Django Livre'.
'Weinstein foi protegido pelo poder e o dinheiro', diz escritora
Margaret Atwood, autora do livro “O conto da Aia”, que recentemente foi transformado em série e já levou prêmios como o Emmy, comentou as acusações de abuso sexual do produtor de Hollywood: "Situações em que mulheres jovens são exploradas por homens poderosos são infelizmente comuns já faz anos. O que permite esse tipo de abuso são dinheiro, poder e advogados. Ao menos, já estamos vendo mudanças e homens poderosos foram desafiados pelas redes sociais, que permitem a todos se expressar publicamente, o que dá uma grande ressonância ao seu discurso."
A escritora pontuou que os acusados de hoje são homens cujo comportamento era considerado, para alguns, "progressivo". "O fato de serem desmascarados e tirados de seu pedestal é um alerta aos que têm esse tipo de comportamento", observa. "E isso nos faz pensar que o ser humano é variado e o tratamento que cada um recebe não deve ter nada em comum com a maneira como Weinstein tratou aquelas mulheres."
Desde que as denúncias foram divulgadas, Weinstein foi demitido de seu estúdio cinematográfico, a Weinstein Company e da rede de TV Paramount Network, que anunciou que o nome de Weinstein já não figura como produtor-executivo.
?Com informações do Estadão Conteúdo