Por marlos.mendes

Lisboa - A ministra da Administração Interna de Portugal, Constança Urbano de Sousa, pediu demissão do cargo nesta quarta-feira, no auge da crise provocada pelos incêndios no país.  

O pedido de demissão foi aceito pela manhã , após carta enviada ao primeiro-ministro, Antonio Costa, em que afirmava já ter pedido afastamento do cargo após a tragédia de Pedrógão Grande, incêndio ocorrido em junhos deste ano que deixou 65 mortos . Ela explica que sua permanência foi por lealdade ao governo e precisa, no momento, resguardar sua integridade profissional e pessoal.

Bombeiros controlam principais incêndios em Portugal AFP

A ministra Constança já vinha recebendo muitas críticas, não apenas pelo fracasso das ações de combate aos incêndios, mas também por outras questões de sua pasta, como a imigração.

Apesar de relatórios técnicos e de alertas do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), Portugal se manteve imóvel diante dos riscos de incêndios. Esta falta de ação preventiva certamente contribuiu para a grandiosidade da tragédia do último fim de semana.

Centenas de pessoas fizeram vigília esta noite diante do Palácio de Belém, residência do presidente da República, e milhares de portugueses devem se juntar às manifestações que estão marcadas para este fim de semana. Além de homenagear as vítimas dos incêndios, a população vai exigir respostas e medidas efetivas do governo.

"Cem pessoas morreram e ninguém assume a responsabilidade. Precisamos de respostas", afirmou um manifestante.

O primeiro ministro do país, também vem recebendo fortes críticas da sociedade, dos políticos e dos meios de comunicação e seu mandato corre riscos. Entre as razões da revolta contra Costa, está a maneira como o primeiro-ministro reagiu às tragédias e às mortes dos últimos dias. Muitos políticos, inclusive o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, criticaram sua posição distante e insensível perante os acontecimentos. Ele também está sendo muito criticado por não fazer um pedido de desculpas formal à população pelas falhas de seu governo.

Costa declarou, na última segunda-feira, que não há solução mágica para prevenir novas tragédias e que o país deveria “estar consciente que a situação vai seguramente prolongar-se para os próximos anos”. Neste mesmo dia, Costa afirmou que não demitiria a ministra da Administração Interna e que esta saída era “infantil”.

Desde o último domingo, os incêndios que atingiram o centro e o norte de Portugal e também partes da Espanha deixaram 37 mortos e 71 feridos, apenas em Portugal. Em junho, 64 pessoas faleceram em um incêndio perto de Pedrógão Grande, no centro do país. Esta temporada de incêndios é a mais letal da história de Portugal.

Portugal chegou a ter 523 incêndios ativos o que obrigou as autoridades a esvaziar aldeias e bloquear estradas. Cerca de 4 mil bombeiros foram mobilizados para conter as chamas.

O país teve o mês de setembro mais seco em 87 anos, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). A seca e os fortes ventos impulsionaram o fogo a se alastrar.

Com informações da Agência Brasil e da AFP

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