Niterói: seis km2 de extensão, a bacia hidrográfica é cercada pelos Morros do Cantagalo, Jacaré e Serra GrandeDivulgação

Niterói - Uma conquista de Niterói, uma vitória para a natureza. O prefeito de Niterói, Axel Grael, entregou neste sábado (8) as obras de renaturalização da bacia do Rio Jacaré, na Região Oceânica da cidade. Com a revitalização, o rio volta a ter a balneabilidade parecida com a que tinha na década de 1950, antes do crescimento desordenado da área.
O processo, que focou na revegetação e recuperação do rio, suas nascentes e sua faixa marginal de proteção, que é uma Área de Preservação Permanente (APP), também se destaca pela construção de bacias de biorretenção e pelas obras de saneamento realizadas nas comunidades do entorno. Coordenado pelo Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-Sustentável) em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), o projeto contou com financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). “Quando a gente fala em recuperar um rio, a gente fala em obras de urbanização, contenção de encostas, melhoria da infraestrutura e qualidade de vida das comunidades que estão aqui nessa bacia hidrográfica. Essa é a primeira vez que a renaturalização de um rio urbano acontece no país e isso só foi possível de ser realizado graças às políticas voltadas para o meio ambiente e para a sustentabilidade que continuamos a implementar desde o governo do ex-prefeito Rodrigo Neves. Outro destaque da nossa gestão é o Parque Orla de Piratininga, um projeto premiado que, junto da renaturalização do rio Jacaré, é considerado um modelo de sustentabilidade”, celebrou o prefeito.
Com seis km2 de extensão, a bacia hidrográfica do Rio Jacaré é cercada pelos Morros do Cantagalo, Jacaré e Serra Grande. O curso do rio, que faz parte da maior bacia contribuinte do sistema das Lagoas de Itaipu e de Piratininga, passa por diferentes cenários, desde uma vasta área de Mata Atlântica ainda preservada até centros urbanos densos. Com a ambição de restaurar o estado original do rio e melhorar a qualidade de vida dos habitantes da região, o projeto executou uma série de intervenções nessas áreas. Na primeira parte do projeto foram realizadas melhorias no sistema de esgoto das comunidades do entorno, o que ajuda a controlar a carga poluente afluente ao sistema. Cerca de 200 casas passaram a ter seu esgoto tratado através do programa Ligado na Rede, projeto da Secretaria Municipal de Meio Ambiente em parceria com a concessionária Águas de Niterói.
Com um olhar especial para a população local, a iniciativa promoveu uma série de investimentos em melhorias da infraestrutura nas comunidades do Vale Verde, Cabrito, Coqueiro e Boa Esperança. Além disso, ainda foi implantado um módulo do Médico de Família (prédio com arquitetura sustentável) e o Centro de Referência de Sustentabilidade Urbana – CERSU, implantado em parceria com a UFF.
Tânia Maria, moradora da região que acompanhou a solenidade, conta com nostalgia como o seu dia a dia mudou com as transformações vividas no entorno na bacia do Jacaré. “Eu cheguei aqui há uns 40 anos, quando os meus filhos ainda eram crianças. O rio era a coisa mais linda… a gente pescava, fazia piquenique e colhia as verduras que cresciam aqui perto. A região era muito mais vazia também, nem se compara com como é hoje. Agora até temos um Médico de Família. Com o tempo, o rio foi diminuindo muito e deixamos de passar tempo nele. Fico muito feliz de poder ver ele voltando a ser como eu lembrava. ”, compartilha a moradora. Outro pioneirismo do projeto de renaturalização do Rio Jacaré foi a criação de 4 bacias de biorretenção e 3 de detenção em pontos estratégicos no leito para ajudar a extravasar o volume de água em caso de chuvas fortes. As bacias funcionam como esponjas, ajudando a absorver as águas quando o rio sobe de volume em caso de chuvas fortes. A ideia foi baseada em projetos já existentes e bem sucedidos na Europa.
Apesar da grande trajetória já percorrida, a renaturalização da bacia do Rio Jacaré ainda não terminou. O projeto ainda pretende expandir o acesso ao saneamento para pontos da região que ainda não foram contemplados através de projetos de esgotamento sustentável e criar um centro de triagem de material reciclado, em parceria com a CLIN, para incentivar o trabalho de mulheres da região que já realizam essa coleta.