Por clarissa.sardenberg

Rio - Cerca de R$720 milhões em bens de 36 investigados na Operação Lava Jato foram bloqueados nesta sexta-feira. Entrando em sua sétima fase, a operação investiga organizações criminosas responsáveis por desvio de recursos públicos, um esquema de lavagem de dinheiro em grandes quantias e pagamento de propinas que operava até mesmo dentro da Petrobras. Os mandados judiciais são cumpridos nos estados do Rio de Janeiro, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, além do Distrito Federal.

Ao todo, 300 policiais federais, com apoio de 50 servidores da Receita Federal, cumprem 85 mandados judiciais. Entre os detidos no Rio de Janeiro, está o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque — no estado foram cumpridos 11 mandados de busca, dois de prisão preventiva e quatro de prisão temporária. Duque foi preso enquanto estava em sua casa e conduzido para a superintendência local da PF.

Os delegados da PF responsáveis pela operação informaram em entrevista coletiva, concedida em Curitiba, que as prisões focaram em executivos das empresas que celebraram contratos com a Petrobras nos últimos anos. Foram presos funcionários de, ao menos, nove empresas — Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS, UTC, Engevix, Iesa, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia e Mendes Júnior. 

Leia: PF suspeita de elo entre tráfico de drogas e esquema de desvios na Petrobras

Saiba mais: Doleira da Operação Lava Jato e mais sete réus são condenados

Segundo a PF, "agentes secundários" que tinham envolvimento com doleiros integrantes do esquema criminoso também foram detidos. Os funcionários presos não tiveram os nomes divulgados.

A Polícia Federal informou que proibiu que todos os investigados na operação que não foram encontrados deixem o país. Eles, com mandado de prisão preventiva, estão incluídos na lista de alerta vermelho da Interpol.

De acordo com a PF, ao todo, nos cinco estados e DF, ocorreram seis mandados de prisão preventiva, 21 de prisão temporária, nove de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão. Entre os mandados de busca, 11 estão sendo cumpridos em grandes empresas, três delas tiveram seus bens bloqueados.

Os envolvidos responderão pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto da Costa disse que empresas participavam de esquemaAntonio Cruz / Agência Brasil

A Operação Lava Jato teve início em março, com o objetivo de desarticular organizações criminosas que tinham como finalidade a lavagem de dinheiro e a prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Segundo dados do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras/MF), os grupos investigados praticaram operações financeiras que superam os 10 bilhões de reais.

À Justiça, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que as empresas Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix, Mendes Júnior, UTC Engenharia, Queiroz Galvão e Galvão Engenharia participavam do esquema de superfaturamento de contratos firmados com a Petrobras e repasse de propina aos partidos.

Você pode gostar