Espírito Santo - Dois corpos foram localizados após a explosão a bordo do navio plataforma FPSO Cidade de São Mateus na costa do Espírito Santo, que ocorreu na quarta-feira, segundo a norueguesa BW Offshore, proprietária da embarcação, informou nesta quinta-feira. Com isso, sobe para cinco o número de mortos no acidente, e quatro pessoas ainda estão desaparecidas. O navio operava nos campos de Camarupim e Camarupim Norte, a cerca de 120 km da costa.
A FPSO Cidade de São Mateus, que armazena e produz petróleo e gás, estava trabalhando para a Petrobras. A explosão também feriu dez trabalhadores, dos quais dois estão em estado crítico. A BW Offshore fechou a plataforma e todos os funcionários foram retirados da unidade.
Em nota divulgada nesta quinta, o CEO da empresa norueguesa, Carl K. Arnet, disse ter recebido a notícia do acidente com "profunda tristeza". Ele informou ainda que os familiares das vítimas estão recebendo assistência de profissionais da companhia. "A produção foi interrompida e a unidade, desligada. (...) Nosso foco e nossos pensamentos permanecem na equipe e nas famílias", declarou Arnet.
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Feridos
O cirurgião geral Claudio Pinheiros, diretor clínico do Vitória Apart Hospital, local para onde foram levados alguns dos feridos após o acidente, disse que as vítimas foram expostas ao fogo, explosões, queimaduras e traumas múltiplos, e que muitas caíram e foram arremessadas no navio por conta do impacto.
Pinheiros contou que oito pessoas deram entrada no pronto-atendimento do Vitória Apart Hospital --elas foram sedadas pela equipe médica que realizou o resgate. Algumas famílias já puderam visitar os pacientes, enquanto outras ainda aguardam autorização. Dentre os feridos no local, estão sete homens, sendo três estrangeiros, e uma mulher.
Inicialmente, chegaram ao hospital seis pessoas, identificadas como Renata Beça, Eduardo Campos, Diego Chaves Leite, Danilo Martins Crus e um filipino identificado como Bernardes, que está em estado mais grave. Posteriormente, chegaram mais duas pessoas cujos nomes ainda não foram divulgados.
"Os pacientes que apresentaram estado mais grave foram trazidos para cá (Vitória Apart Hospital). Todos os pacientes que estão na UTI foram expostos ao gás, apresentando algum tipo de fratura e trauma de grande magnitude. Não podemos descartar uma piora no quadro de saúde deles porque não sabemos como pode se comportar o organismo de uma pessoa", contou Pinheiros. E completou: "Muitos foram expostos ao fogo, explosões, queimaduras e traumas múltiplos. Muitos caíram e foram arremessados. Mas tanto eles quanto as famílias estão recebendo toda a assistência."
Por meio de nota, a Petrobras lamentou informar a ocorrência. A estatal notificou oficialmente a Marinha e a ANP (Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis). A concessão de Camarupim é operada pela Petrobras (100%) e a de Camarupim Norte é uma parceria entre a Petrobras (65%) e a empresa Ouro Preto Energia (35%).
Alto risco
Segundo o inspetor de equipamento Gerson Pistori, especialista em segurança de plataformas, que presta serviços para Petrobras há 13 anos, o navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus era classificado como um local de alto-risco por operar com gás. Ele acredita que o mais provável é que o acidente tenha ocorrido em uma área restrita da plataforma.
"As plataformas são todas setorizadas, poucas pessoas têm acesso a área da casa de bombas. O grosso do pessoal deveria estar em uma área longe do acidente, já que estão conseguindo fazer resgate aéreo e por baleeiro (navio específico para resgates em alto mar)", afirma.
O navio-plataforma produziu em média 2,5 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia e 2 mil barris de petróleo por dia em dezembro, segundo Rangel.