Brasília - O governo federal convocou uma reunião nesta terça-feira para discutir no Palácio do Planalto a paralisação de caminhoneiros que bloqueia várias estradas do Brasil há cerca de uma semana, afirmou uma fonte do governo que acompanha o assunto.
Pelo menos três ministros devem participar da reunião para discutir o assunto, segundo a fonte: Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria Geral da Presidência da República).
Leia mais:
Caminhoneiros seguem bloqueando rodovias do país nesta terça-feira
AGU vai à Justiça por liberação das rodovias bloqueadas por caminhoneiros
Os bloqueios promovidos por transportadores e caminhoneiros em diversas estradas do Brasil foram ampliados nesta terça-feira na BR-163, principal rodovia no Mato Grosso, maior produtor brasileiro de grãos.
As manifestações, que protestam contra os baixos preços de frete e os custos com combustíveis, estão prejudicando o transporte de cargas e o escoamento de produtos do agronegócio.
Colheita de soja no Norte de MT tem paralisações devido a protestos
A colheita de soja no Norte de Mato Grosso tem paralisações devido a protestos de caminhoneiros em rodovias que interromperam o fluxo de combustíveis, informou nesta terça-feira o Sindicato Rural de Sinop, um dos municípios produtores da principal região sojicultora do Estado.
Alguns produtores da região de Sinop disseram à agência de notícias Reuters que a interrupção da colheita ameaça gerar perdas na safra.
"Podemos perder parte da colheita. Sem diesel, não se faz nada em propriedade nenhuma", disse o presidente do sindicato Antonio Galvan.
A Reuters consultou 12 produtores em reunião no sindicato rural. Dois disseram que estão parando a colheita nesta terça-feira, e pelo menos a metade disse ter diesel apenas para realizar a colheita até o final da semana.
MT, PR e SC têm falta de combustível por protesto de caminhoneiros, diz sindicato
Cidades de Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina registram pontos de desabastecimento de combustíveis devido aos protestos promovidos por transportadores e caminhoneiros em rodovias do Brasil, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).
"Por enquanto são algumas cidades mais afetadas, algumas cidades menores e mais distantes de pontos de suprimentos", afirmou o diretor de Abastecimento do Sindicom, Luciano Libório. "Mas se permanecer mais um, dois dias, pode se transformar em uma situação bem mais grave."
Os protestos promovidos por transportadores e caminhoneiros contra os baixos preços de frete e os custos com combustíveis prejudicaram também o transporte de outras cargas, incluindo produtos alimentícios, e o escoamento de produtos do agronegócio em diversos Estados brasileiros nesta segunda-feira.
Quase falta querosene no aeroporto de Foz do Iguaçu
Segundo o Sindicom, os bloqueios quase impediram o abastecimento do aeroporto de Foz do Iguaçu, no Paraná, com querosene de aviação, no domingo. De acordo com Libório, foi necessário pedir ajuda da Polícia Rodoviária, que ajudou com um comboio para o combustível chegar ao local.
"Mas como o bloqueio permanece, a gente tem preocupação tanto com o aeroporto de Foz do Iguaçu quanto com clientes de postos da região", afirmou.
Situação é mais grave em Mato Grosso
Entretanto, os problemas mais sérios para abastecimento, segundo Libório, estão em Mato Grosso, principalmente no centro do Estado, onde está a capital Cuiabá, para o Norte. O Estado já registra bloqueios há mais tempo.
"Não conseguimos chegar com suprimento em Cuiabá porque o produto de lá vem normalmente de Paulínia (SP) e de outras bases via caminhão", afirmou Libório, destacando que não há ferrovias ou dutos que possam transportar combustíveis na região.
"Cuiabá está bastante prejudicado e a gente está tendo problema com clientes, e já existiam bases, desde sexta-feira, mais ao Norte, tipo Sinop, que já estavam sofrendo com isso."
Bloqueio pode atingir Curitiba e parte de SP
Libório destacou ainda que os protestos em Mato Grosso e no Oeste do Paraná podem afetar a Região Metropolitana de Curitiba e parte do Estado de São Paulo. Isso porque as regiões isoladas pelas manifestações abastecem os dois locais com biodiesel e etanol.
"O efeito é mais retardado, porque a gente consegue redirecionar retirada, tem estoque, mas a gente não sobrevive a um bloqueio como esse de três, quatro dias seguidos", afirmou.
Outros Estados, como Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, também sofrem alguns problemas em função dos protestos, mas em escala menor em relação a Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina, segundo o diretor do Sindicom.