Por tamara.coimbra

Paraná - A polícia usou bombas de efeito moral e cachorros contra os professores que compareceram à manifestação na Assembléia Legislativa paranaense (Alep), em Curitiba, nesta quarta-feira. Durante a confusão que se instalou no local, um cinegrafista da Band foi atacado por um pitbull da Polícia Militar (PM) e acabou ferido na perna. Em entrevista coletiva no início da noite desta quarta, o governador Beto Richa (PSDB) declarou que os policiais foram agredidos pelos manifestantes, a quem chamou de "black blocs."

Mais de 200 pessoas ficaram feridas no cerco da PM e Tropa de Choque aos professores e manifestantes, 15 delas em estado grave. Segundo a emissora Band, o repórter cinematográfico Luiz Carlos de Jesus foi atendido no local e levado para o Hospital de Clínicas onde foi medicado e recebeu alta.

O deputado federal João Arruda publicou em sua página no Facebook nesta quarta um vídeo que mostra a suposta comemoração que teria ocorrido na sacada do Palácio Iguaçu pelo ato violento dos policiais aos manifestantes. "Os que presenciaram a cena me mandaram o vídeo pq ficaram revoltados com o comportamento da equipe do governador", publicou o deputado.

O post já teve mais de 20 mil compartilhamentos. Nas imagens, quando a polícia lança as bombas e jato d'água contra os professores ocorrem gritos como "aeê" e "isso aí".

Pitbull atacou cinegrafista da Band durante cobertura de protesto no ParanáReprodução Youtube

"Tem cenas chocantes, ninguém pode ser hipócrita, mas os policiais ficaram parados e precisavam se defender", declarou o governador. Os manifestantes protestavam contra a votação que autoriza o governo a a mexer no fundo de previdência dos servidores estaduais.

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Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, na manhã desta quinta-feira, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato), professor Hermes Silva Leão, declarou que a violência contra professores remeteu aos tempos da ditadura militar.

"Estavam se comportando de uma maneira que, mesmo na ditadura, a gente não viu aqui no Paraná. Já tivemos confrontos da categoria, como o de 30 de agosto de 1988, no mesmo local, mas mesmo os analistas políticos do Paraná dizem que não se tem notícias de algo tão violento", disse Leão.

A Anistia Internacional se manifestou em nota a respeito da ação violenta da PM contra os manifestantes. "É fundamental que a violência de ontem seja investigada, de forma célere e independente, e que as autoridades do alto escalão também sejam responsabilizadas pelo que ocorreu", declarou Atila Roque, diretor executivo do órgão no Brasil. "A polícia não age por conta própria e as falas das autoridades mostram que para o governo a ação policial foi adequada. Isso é um agressão à liberdade de expressão e ao direito à manifestação pacífica", afirmou.

De acordo com o sindicato dos servidores, 20 mil pessoas participaram da manifestação. Desde o início da semana, a Assembleia foi cercada por PMs a pedido do governador, que se baseou numa ordem judicial para impedir a presença dos manifestantes na sessão da Alep.

A polícia jogou também jatos de água contra os ativistas. Já os manifestantes atiraram pedaços de pau e pedras. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 20 dos feridos são policiais. A PM prendeu dez pessoas – entre elas, há professores e black blocs.


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