São Paulo - O ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Pepe Vargas, afirmou nesta quinta-feira que os movimentos sociais não devem ser tratados como um "caso de polícia", ao condenar a repressão policial contra o protesto de professores em Curitiba, que terminou com 200 manifestantes feridos.
GALERIA: PMs lançam bombas em professores durante ato em Curitiba
"O movimento social não deve ser tratado como caso de polícia, e, sim, como movimento político reivindicatório. Havendo disposição para diálogo, dentro de um princípio de mediação de conflitos, é perfeitamente possível fazer o acompanhamento de uma manifestação pública, de movimentos sociais, sem o uso desmedido da força", comentou Vargas.
Depois de reunir-se com sete de seus antecessores na pasta em São Paulo para fixar uma posição conjunta contra a redução da maioridade penal, Vargas criticou "o uso desmedido da força e uma violência desnecessária" na atuação da Polícia Militar do Paraná. No entanto, o ministro antecipou que deverá analisar o material sobre o episódio para que sejam adotadas medidas sobre violações de direitos humanos cometidos no protesto.
PM usa tinta para acusar professores de agressão em rede social
Cinegrafista é atacado por pitbull da PM em cerco a professores em Curitiba"A partir dos dados que chegarem à ouvidoria da secretaria, em cima dos fatos concretos, nós analisaremos o que pode e deverá ser feito", completou Vargas. Por sua vez, o ex-ministro de Direitos Humanos, Paulo Sergio Pinheiro, da gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), disse à Agência Efe que a repressão em Curitiba contra os professores foi um método "parecido com uma ditadura".
"É lamentável que o governo estadual não demonstre que tenha competência para lidar com protestos pacíficos", ressaltou. A manifestação dos professores reuniu cerca de 20.000 pessoas no centro de Curitiba e foi convocada em protesto contra a modificação das regras de aposentadoria do serviço público.
O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), responsabilizou os manifestantes pelos distúrbios e defendeu a ação policial, garantindo que o tumulto foi gerado por "black blocs" A polícia deteve 23 manifestantes, alguns deles supostamente relacionados com atos violentos cometidos em novos protestos, e todos eles foram postos em liberdade após assinar uma declaração de responsabilidade.
Cerca de 200 pessoas ficaram feridas e 65 deles tiveram que receber atendimento médico em hospitais, das quais 21 são policiais e 44 manifestantes, segundo a Secretaria de Segurança Pública.