Por paloma.savedra

Rio - Além de ter tido seus dados cadastrais violados, uma cliente da NET de São Paulo ainda foi vítima de assédio de um funcionário da empresa. A denúncia foi feita pela jornalista Ana Prado, de 26 anos, em sua página no Facebook. O mesmo homem que ligou para a jovem oferecendo serviços da empregadora a procurou posteriormente pelo WhatsApp: "Fiquei curioso por conta da sua voz", disse ele. Mesmo o acusando de invasão e falando em processá-lo, o rapaz insistiu na conversa e ainda a desafiou: "Terei o prazer de ganhar a causa".

Após denúncia no Facebook, novos casos de assédio vêm à tona

A postagem teve grande repercussão e gerou mais de 2 mil compartilhamentos na rede. O caso foi ainda discutido entre outros internautas, que lembraram outras ocorrências de abuso e assédio a clientes por empregados da NET e de outras empresas. Por meio de nota, a NET garantiu que já se desculpou com a cliente e que a orientou a registrar o caso na delegacia. A empresa ainda garantiu que trata os dados dos clientes com total sigilo e que o homem será identificado e afastado.

Funcionário da NET usou dados de cliente para assediá-la pelo WhatsAppReprodução Facebook

O susto foi ainda maior já que da mesma forma que ele teve acesso ao seu número particular, ele tem o endereço e outros dados da cliente, gerando riscos à segurança da jornalista. 

Professor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio) e membro da comissão de Direito do Consumidor da OAB-RJ, Gustavo Neves lembra que a invasão pode gerar indenizações por danos morais. Segundo o especialista, tanto a empresa quanto o funcionário podem ser processados por Ana Paula.

"Existe o aspecto da proteção do consumidor e o da proteção da pessoa humana. Do ponto de vista do consumidor, ela pode pedir indenização por danos morais, já que teve sua sua privacidade invadida. Sob o ponto de vista da pessoa humana, o funcionário pode ser processado por violar a honra e agredir a incolumidade psicológica e também por expor a privacidade da cliente. E ela pedirá indenização por danos morais também", concluiu o professor.

Proteção de dados é quase impossível no mundo contemporâneo

Gustavo lembrou ainda os riscos a que todos estão submetidos. Segundo ele, "no mundo contemporâneo, uma vez que nossos dados são fornecidos, não há como apagá-los". "Violação de dados houve, mas não tem tutela. Como apago isso do computador da Net? Não há como. A tutela nao funciona. Eles podem ser condenados, serem impedidos de falar coma cliente, mas os dados, uma vez fornecidos, não se apagam mais", explicou ele, que fez um alerta: "As pessoas devem se proteger ao máximo dando apenas endereço e telefones do trabalho e não os residenciais".

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