Por tamara.coimbra
França - Os irmãos suspeitos de terem cometido o atentado a revista Charlie Hebdo na última quarta-feira estão cercados em uma fábrica ao Nordeste de Paris, informaram fontes locais citadas por agências de notícias. Não há informações precisas sobre o número de reféns e se há mortos ou feridos.
"Atualmente uma operação está em andamento em Dammartin-en-Goele, para a qual se mobilizaram todos os efetivos no terreno", anunciou em uma declaração à imprensa o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.
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A unidade especial de intervenção da Gendarmaria (GIGN) está no lugar e realiza a operação, acrescentou o ministro.

Helicópteros sobrevoam a uma zona industrial em Dammartin-en-Göele%2C no nordeste de ParisReuters

Segundo o canal de televisão "RTL", os irmãos Kouachi se refugiaram em uma empresa nessa cidade e fizeram reféns, fato que não foi confirmado pelo ministro.

Por volta das 8h40 (horário local, 5h40 em Brasília), de acordo com essa fonte, os dois homens tomaram à força um veículo, um Peugeot 206, de uma mulher na cidade de Montagny-Sainte-Félicité, no departamento de Oise, que os identificou como os irmãos Kouachi.

Alguns minutos mais tarde, já em Dammartin-en-Goele, a 40 quilômetros de Paris, aconteceu um tiroteio com a Polícia.

O Ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, confirmou que uma operação está em andamento em Dammartin-en-Goële, onde há pouco foi ouvido um tiroteio, mas não deu mais detalhes.
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Suspeito de atentado foi treinado pela Al Qaeda
Um dos dois irmãos suspeitos de ter cometido o massacre contra a revista francesa Charlie Hebdo recebeu treinamento em 2011 de uma organização terrorista ligada à Al Qaeda no Iêmen, revelaram nesta quinta-feira funcionários do alto escalão do governo americano à emissora "CNN" e ao jornal "New York Times".
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Os serviços de Inteligência dos Estados Unidos estão averiguando se o grupo vinculado à Al Qaeda ordenou explicitamente o ataque contra a revista, mas, por enquanto, não há indicações de que os irmãos tenham recebido instruções diretas do grupo ou façam parte de uma célula terrorista na França, explicaram as mesmas fontes.
Chérif Kouachi e Said Kouachi estão há anos na lista de suspeitos de terrorismo dos EUAReprodução

Em artigo recente da "Inspire", a publicação da Al Qaeda no Iêmen, a organização encoraja seus seguidores a atacarem ocidentais que fizeram ofensas ao Islã.

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O nome do diretor da publicação francesa, Stéphane Charbonnier, que morreu no atentado, aparece na revista sob a frase: "Uma bala por dia mantém afastados os infiéis — defendeu o profeta Maomé", conforme detalhou o "New York Times".
Said Kouachi, um dos suspeitos — junto com seu irmão Chérif — de ter cometido o pior atentado em solo francês nos últimos 50 anos, passou "vários meses" no Iêmen aprendendo a usar armas de combate como as utilizadas no ataque contra a redação da publicação satírica em Paris, que resultou na morte de 12 pessoas.
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Os dois irmãos estão há anos na lista de suspeitos de terrorismo dos Estados Unidos, por isso seus nomes também aparecem entre os indivíduos que estão proibidos de embarcar em aviões comerciais com destino e saída nos Estados Unidos, segundo fontes oficiais citadas pelo "New York Times".
Os irmãos Kouachi foram acompanhados de perto durante uma década pelas autoridades francesas e americanas. Chérif — o mais novo — chamou a atenção da França há dez anos e foi detido em 2005 quando se preparava para ir à Síria, a primeira etapa de uma viagem que o levaria ao Iraque, acrescentaram as fontes do jornal nova-iorquino.
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Chérif foi condenado a três anos de prisão em 2008 por participar de uma rede de recrutamento de jihadistas. No entanto, mesmo com os irmãos sob vigilância dos serviços secretos, "não havia elementos que indicassem um atentado iminente", segundo as declarações feitas nesta sexta-feira pelo ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve.
Os dois suspeitos foram vistos nesta quinta em um posto de gasolina, que foi assaltado pelos mesmos, nas proximidades de Villers Cotterêts, na região de Picardia, ao nordeste de Paris.
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As forças de segurança estenderam o nível de alerta máximo para essa região, e concentram suas buscas nesse local, com o apoio de militares e helicópteros.