Rio - Esportes e realização na vida pessoal e profissional. Tudo isso é possível ao portador de epilepsia, uma das enfermidades que mais enfrenta estigmas e preconceitos. E para romper barreiras e permitir que pacientes vivam com mais qualidade de vida, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) promoverá no sábado atividades destinadas aos pais de crianças portadoras de epilepsia, no anfiteatro do Instituto Fernandes Figueiras, no Flamengo, Zona Sul.
“É importante acabar com certos mitos que envolvem a doença e mostrar, até mesmo para os próprios pacientes, que é possível sim ter uma vida normal”, afirma a médica Adélia Henriques Souza, coordenadora do Departamento Científico de Epilepsia da ABN. Já a Liga Brasileira de Epilepsia (LBE), em referência ao Dia Nacional e Latino Americano de Conscientização da Epilepsia, promove em Brasília, na próxima terça-feira o ‘Fórum Nacional Epilepsia Fora das Sombras’, na Câmara dos Deputados.
Alteração neurológica crônica, a epilepsia ocorre devido a uma descarga elétrica excessiva de um grupo de neurônios, com ataque convulsivo ou não. Estima-se que 50 milhões de pessoas tenham a doença no mundo. No Brasil, afeta 1% da população. A infância é a fase onde é mais comum aparecerem os primeiros sintomas: a incidência é de uma a cada 20 crianças.
“Já perdi até empregos”
Estatístico de 43 anos, Eduardo Caminada é portador de epilepsia desde os três anos. Mesmo com pouca idade, o paciente diz não ter sentido tanta diferença no fato de ter a doença ou não. “Meus pais foram mais impactados. Já eu vivo a vida que conheci como normal: fiz faculdade, trabalho e tenho minha família. Sinto que tenho limitações, porém, é comum tê-las também por outros motivos”, ressalta.
Enquanto as impressões pessoais estão minimizadas, Eduardo ainda enfrenta preconceito. “Já perdi empregos por causa de crises convulsivas e vejo pessoas com medo, quando se deparam com a ocorrência”, conta. Segundo ele, há pouco acesso de informação, o que causa não só discriminação, mas prejudica a integridade física do paciente, como lesões na boca, em casos de procedimento de socorro feito errado. O melhor a fazer, acrescentou ele, é virar a pessoa em crise de lado, com cuidado apenas para a cabeça, usando um travesseiro por exemplo. “Não é para mexer na língua”, alerta.