Por thiago.antunes
Rio - Na presença de familiares, amigos e fiéis, foi iniciado ontem o processo de beatificação do seminarista e surfista Guido Vidal França Schäffer, considerado o “São Francisco de Assis carioca”. Formado em medicina, o rapaz morreu aos 34 anos quando surfava no mar do Recreio dos Bandeirantes, em 2009, às vésperas de se tornar padre. Cinco anos depois de sua morte, Guido tem uma legião de fiéis, alguns dos quais garantem que ele realiza milagres.

A cerimônia foi às 18 horas deste sábado, na Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo. No dia 20, às 10 horas, na Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca, os restos mortais de Guido serão apresentados e depois seguirão em carreata para a Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, onde ficarão em um local para peregrinação e devoção.

“É uma felicidade muito grande para a família ver o reconhecimento da pessoa que meu irmão era. Ele tinha esse gosto pelas coisas de Deus e ajudava o próximo, não importava quem fosse. A beatificação é uma mostra contundente do quanto Guido era amado por todos”, assinala a irmã Angela Isnard.

A vida de Guido, que aos seis anos revelou à mãe Maria Nazareth ter visto Jesus, inspirou Manoel Arouca, escritor e novelista moçambicano, radicado em Portugal. Arouca esteve no Brasil em 2009 para filmar parte de um documentário sobre Nossa Senhora de Fátima e acabou conhecendo a história do seminarista, sua aptidão pela religiosidade e a enorme dedicação aos mais desvalidos.
'É uma felicidade para a família ver o reconhecimento do meu irmão. A beatificação é uma mostra do quanto Guido era amado por todos' Angela Isnard%2C irmã de Guido Fernando Souza / Agência O Dia

Dos relatos colhidos por ele, nasceu o livro ‘O Anjo Surfista’ e um documentário com depoimentos de pessoas que conviveram diretamente com Guido e desfrutaram de sua bondade. O corpo do surfista que é candidato a beato foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, onde passou a haver uma grande peregrinação ao túmulo de Guido. O pedido de beatificação foi feito em maio passado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, e o Vaticano concedeu o ‘nihil obstat’, uma espécie de nada consta.

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Dom Orani exalta trabalho de Guido
Durante a missa de abertura do processo de vida, virtudes e fama de santidade de Guido Shäffer, o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, exaltou ontem os trabalhos sociais feitos pelo médico com moradores de rua. “O trabalho que ele desenvolvia com os pobres da Lapa e na Santa Casa eram fundamentais”, disse. Dom Orani afirmou ainda que Guido é um exemplo para os jovens católicos.
Surfista e seminarista ganhou homenagem em vídeoFernando Souza / Agência O Dia

“Ele resume os jovens de hoje, que dividem seus tempos com esportes, carreira e oração”, observou Dom Orani, ao lembrar que o velório do surfista foi a primeira missa após sua nomeação como arcebispo do Rio, em 2009. “Estou com o coração aberto e agradecido por estar presente aqui hoje”, completou. Durante o evento, também foi encerrado o processo arquidiocesano de Odetinha como Serva de Deus.

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