No próximo dia 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra, uma data para refletir sobre os avanços e as desigualdades raciais que ainda persistem no Brasil. E um dos campos onde o preconceito mais se manifesta é no mercado de trabalho, onde levantamentos mostram que, dependendo da profissão, um homem branco chega a ganhar mais que o dobro do que uma mulher negra com igual nível de instrução para executar o mesmo trabalho.
Embora as mulheres sejam as mais prejudicadas, o problema também atinge os homens. Um trabalhador negro ganha cerca de 17% a menos do que um branco, mesmo que ambos tenham origens sociais semelhantes. Recentemente, o IBGE divulgou pesquisa que apontou que brancos ganham 68% a mais do que os negros. As origens sociais também impactam nos ganhos. No mês da consciência negra, é preciso colocar luz sobre esse problema.
Para o advogado Vilson da Silva Moraes, que atua em Nova Iguaçu, o negro está muito inferiorizado quando o assunto é a seara trabalhista.
“Já atendi uma senhora que ganhava quinhentos reais, menos do que um salário mínimo, no trabalho como doméstica. Ela saía de Nova Iguaçu e trabalha na zona sul do Rio por esse valor. Ela não conhecia seus direitos trabalhistas. Muitos ainda esbarram em questões como essas. E quando encontram pessoas mal-intencionadas, exercem um trabalho quase escravo. Com essa senhora, eu conversei, orientei e ela deixou o escritório decidida a reivindicar seus direitos. Alguns dias depois, ela me retornou dizendo que tinha falado com a patroa e que ela estava providenciando tudo. Para mim, isso é motivo de comemoração”, disse.
Os direitos trabalhistas que muitos desconhecem incluem FGTS, 40% e todos os direitos de um trabalhador, entre outras garantias, como qualquer outro. Mas ainda faltam informações e conhecimento. Muitos trabalhadores enfrentam a situação de trabalho semiescravo, trabalho forçado, jornadas exaustivas, condições degradantes, servidão por dívida, entre outras. 70% são pardos ou negros.
“Muitas pessoas começam a trabalhar 8 horas da manhã até as 17 horas ou mais, por um prato de comida. Isso ainda existe. Aqui no município de Nova Iguaçu isso é muito comum. Mas é possível correr atrás, provar o vínculo empregatício e conseguir na justiça todos os direitos. O preto tem que conhecer seus direitos. Nesse caso, juntar testemunhas, provar o vínculo e conseguir, inclusive, todos os atrasados pelo tempo que trabalhou de forma irregular. Já avançamos, mas ainda é preciso muito. Precisamos tirar o preto do aquário e colocar no oceano para eles poderem nadar e ir muito além, Potencial já provamos que temos e muito”, conclui.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.