Por julia.amin

OSCAR BERRO,56 anos, médico sanitarista e secretário de Saúde de São João de Meriti, critica a intenção do governo federal de contratar médicos estrangeiros para suprir a carência de profissionais no país. Na sua opinião, o mais importante é oferecer mais infraestrutura aos hospitais. Ex-presidente do Conselho Técnico do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Baixada Fluminense (Cisbaf), Oscar Berro aposta na integração entre secretários de Saúde e prefeitos para superar as dificuldades da região.

Oscar Berro aposta na integração entre secretários de Saúde e prefeitos para superar as dificuldades da regiãoPaulo Alvadia / Agência O Dia


ODIA: Qual a sua opinião sobre a intenção do presidenta Dilma Rousseff de contratar médicos estrangeiros para o Brasil?

OSCAR BERRO: –Sou contra. Acho um equívoco. Os médicos não trabalham em lugares distantes porque os salários não são atrativos. Escrevi na minha página no Facebook que o governo está pensando em criar a Bolsa Champollion (Jean Champollion foi um francês que se notabilizou por decifrar os hieróglifos egípcios). É o que falta, ter que traduzir todos os ensinamentos de Medicina para os estrangeiros. O que precisa ser feito é melhorar a infraestrutura dos hospitais em todo o país.

Faltam médicos em São João de Meriti?

Sim, mas acho que importar médicos não é a solução. Vamos promover um concurso público no município, mas não tenho ainda a quantidade de profissionais que iremos contratar. Falta também na Baixada a criação de um padrão salarial unificado.

O que seria isso?

Temos que criar um mecanismo para que o profissional se fixe no município, na Baixada. Se criarmos essa média salarial, a fuga para outros municípios será menor. Os profissionais de Saúde de São João de Meriti e de várias cidades da Baixada trabalham na região, mesmo com as dificuldades, porque gostam, têm família aqui. Então, é preciso investir neste profissional, dar melhores condições de trabalho. Temos que qualificar a prata da casa.

E estas condições estão sendo oferecidas em São João de Meriti?

Sim, estamos capacitando todo o nosso pessoal. Vamos orientá-los sobre a classificação de risco. É de importância fundamental que eles saibam definir quais pacientes são de casos de emergência, quais são casos de urgência.

Como o senhor vê a Saúde na Baixada hoje?

Vejo com otimismo. Acho que há maior integração entre os prefeitos da região e vejo também secretários de Saúde mais capacitados. Precisamos nos unir e reivindicar mais hospitais. Quais os hospitais que temos? Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, Moacyr do Carmo, e Adão Pereira Nunes (Saracuruna), em Caxias, e acabou. Temos ainda o Melchíades Calazans, em Nilópolis, mas é hospital de porta fechada (referência em maternidade de alto risco). O Hospital Municipal Joca, em Belford Roxo, é um pré-hospitalar fixo. Já o município do Rio herdou todos os hospitais da antiga capital federal, além de ter uma receita muito maior do que os vizinhos da Baixada. É necessário pensar a Saúde de uma maneira que inclua também a região metropolitana, como poucos políticos fazem, como, por exemplo, tem feito o senador Lindbergh Farias (PT).

Quais são seus planos para a Saúde de São João de Meriti?

O principal deles é investir na saúde básica. Hoje, temos apenas 33% de cobertura do Programa Saúde da Família, que agora mudou de nome. Se chama Estratégia da Saúde da Família. Em mais dois anos, quero atingir 80% do município. Outro ponto importante é criar o programa de governo para a área da Saúde. Quem assumir no próximo mandato já fai encontrar essa estrutura.

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