Por marcelle.abreu
Ândria Maria sai de Campo Grande para estudar em Nova IguaçuBruno de Lima / Agência O Dia

Era uma vez uma jovem que sonhava em ser bailarina. Seu nome: Ândria Maria Ferreira. Com 14 anos, a moradora de Campo Grande se desloca todos os dias da semana para a Escola de Dança de Nova Iguaçu, onde passa a maior parte do seu tempo. “Tem dia que chego às 14h e só vou embora às 21h”, conta Ândria, explicando que é sua mãe a responsável por levá-la para as aulas. “Minha mãe me traz de carro e me espera. É muito longe pra ela voltar para me buscar”.

Com uma beleza única e sorriso tímido, Ândria tem certeza do que quer para o seu futuro: “Eu amo dançar. Quero poder olhar no espelho e me sentir uma bailarina”, diz com brilho nos olhos. E ela está no caminho certo. Com dois anos de aulas, já participou de alguns festivais, como ‘Performance Festival de Dança e Mostra de Dança em Evidência’, no Norte Shopping; Festival JN, em Miguel Couto, e Danzamérica, o maior festival de dança da América Latina, em que recebeu uma menção especial, no ano passado. 

Disciplinado e muito exigente, o diretor da escola,Jerônimo Eusébio, é quem comanda as aulas, desde 1994, quando fundou o espaço - o primeira a formar bailarinos na Baixada Fluminense. E buscando contribuir ainda mais com a formação do bailarino, a escola está com novas modalidades. “Hoje, quanto mais completo o bailarino for, melhor, senão fica restrito demais e poderá perder oportunidades”.

Além das aulas de balé clássico, dança afro, baby class, sapateado e jazz, a escola irá oferecer balé para adultos, danças urbanas, espanhola , profética, contemporânea, de salão e do ventre; stiletto; alongamento para bailarinos, zumba; Kung Fu, treinamento funcional, teatro e atividades para a melhor idade.


Terceira geração da família Ciler na ponta da sapatilha

A dança está na família de Thayanne Gabrielle Ciler há três gerações. Sua mãe, tia e avó também passaram pela Escola de Dança de Nova Iguaçu. “Minha avó é formada em jazz e minha mãe e minha tia eram solistas. Elas dançaram por mais de 15 anos, mas a gravidez as tirou dos palcos”, conta a jovem nilopolitana de 16 anos. Há quatro anos na escola, Thayanne conta que sua família coloca nela seus sonhos. “Querem que eu vá além de onde elas chegaram”.

Thayanne Gabrielle (primeira de pé à esquerda)com o diretor Jerônimo e suas dedicadas colegas de turmaBruno de Lima / Agência O Dia

A Escola irá completar 21 anos no mês que vem e tem do que se orgulhar. Bailarinos que começaram sua carreira lá estão em grandes companhias. Paulo Muniz, hoje, é bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Nelson Pacheco está na Companhia de Dança Déborah Colker e Douglas Amaral integra o balé do Teatro Castro Alves, na Bahia.

Para incentivar mais meninos a fazerem balé e acabar com o preconceito, a Escola oferece bolsas de 100% para os alunos homens. “Na minha época ser bailarino era tudo de ruim, mas , hoje, é mais tranquilo. E a família tem que saber diferenciar, nós não mexemos na sexualidade de ninguém”, afirma Jerônimo.


Descoberta tardia do balé

Formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), com pós-graduação em Dança e Ginástica, Jerônimo Eusébio descobriu o balé tarde, aos 18 anos. “Na primeira aula de balé da faculdade, uma amiga perguntou se eu era bailarino, mas na época eu só praticava ginástica olímpica. Ela me indicou uma escola, participei da seleção e passei”, conta ele, lembrando que a família não apoiava. “Eles queriam que eu fosse engenheiro”, diz sorrindo.

Sua fama de exigente o deixou em depressão, no passado, mas ao ouvir uma entrevista da treinadora brasileira de ginástica artística, Georgette Vidor, em que ela disse: ‘Já viu alguém conseguir um trabalho sem exigir?’, ele deu a volta por cima.

Jerônimo com Fátima Bernardes no Centro de Dança Rio arquivo pessoal

Ao relembrar a sua história, Jerônimo conta que a apresentadora Fátima Bernardes foi essencial no começo da sua carreira. “A conheci no Centro de Dança Rio e nós dois éramos muito disciplinados. Fiquei no grupo dela no primeiro balé que dancei na vida - Musical Oklahoma!-, e ela me ajudou muito. Sorte que ela é muito paciente, pois eu nunca tinha dançado nada. Mas no final do ano, na apresentação, eu estava maravilhoso!”, conta o professor em meio a muitas gargalhadas. Juntos, participaram de vários programas especiais do Fantástico, na Rede Globo.


Reportagem da estagiária Marcelle Abreu 

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