Margarete Henriques - médica cardiologista opinião  - divulgação
Margarete Henriques - médica cardiologista opinião divulgação
Por Margarete Henriques*
O coronavírus é uma família de vírus que é conhecida desde 1960 e que sofreu uma mutação genética e se transformou em algo que ainda não se tinha identificado em seres humanos. Transmitido pelo ar e pelo contato próximo com pessoas contaminadas, a covid-19 pode causar sintomas semelhantes ao resfriado.

Segundo boletim do American College of Cardiology, dentre os pacientes hospitalizados devido a covid-19, 50% possuíam doenças crônicas, sendo que 40% possuíam doença cardiovascular ou cerebrovascular; síndrome da angústia respiratória em quase 20%, arritmias cardíacas em mais de 16%, lesão miocárdica em mais de 7%, e mais de 8% dos pacientes evoluíram com choque. Entres os casos fatais, 86% tinham acometimento respiratório, desses 33% acometimento cardíaco associado e 7% acometimento cardíaco isolado. Enquanto a taxa de letalidade geral por covid-19 é de 2,3%, nos portadores de doenças cardiovasculares ela chega a 10,5%.

Essa infecção viral pode ocasionar uma série de reações responsáveis por desequilibrar doenças cardiovasculares (conjunto de disfunções que atingem o coração e os vasos sanguíneos) que antes estavam compensadas. Segundo dados do Ministério da Saúde, o perfil mais comum entre as 100 mil vítimas que foram a óbito pela doença no país, é classificado como homem, idoso e cardiopata. Em pacientes que já possuem doenças prévias no coração, as alterações do sistema imunológico podem acontecer de uma forma mais rápida e intensa, evoluindo para uma piora do quadro de covid. Esses pacientes devem ter cuidados redobrados, visitando regularmente seu cardiologista.

O coração é afetado pela covid-19, quando os tecidos inflamam e são liberadas citocinas que chegam ao órgão através da corrente sanguínea, podendo afetar também o miocárdio e as artérias coronárias. Há o risco de instabilização das placas de ateroma no interior dos vasos provocando isquemia ou infarto do miocárdio. Além dos quadros inflamatórios pulmonares que podem levar à piora da oxigenação fazendo com que o coração trabalhe de forma forçada para bombear o sangue mais rapidamente, sendo esse estresse um dos fatores que contribuem para danificar esse órgão.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia: 25% dos brasileiros que moram em capitais afirmam ter pressão alta (que pode piorar a evolução da infecção por coronavírus). A taxa sobe para 60% entre pessoas acima de 65 anos. Cerca de 37% das vítimas fatais de covid-19 no país tinham doenças cardíacas prévias; é o fator de risco mais comum, na frente de diabetes com 29% e doenças pulmonares com 7%.
Por isso a população com doenças cardiovasculares merece uma atenção especial e manter dieta adequada, sono regular e atividade física, evitando o consumo de álcool e cigarro e mantendo suas vacinas atualizadas para diminuir o risco de infecção secundária.

*É médica cardiologista